Portugal emite 3,5 mil milhões em emissão de dívida sindicada a oito anos abaixo dos 3%
A operação de emissão de dívida contou com uma procura 13 vezes acima da oferta, contabilizado ordens acima dos 46 mil milhões de euros. O preço pago pelo Estado ficou abaixo dos 3%.
O Estado conseguiu financiar-se esta terça-feira no mercado de dívida em 3,5 mil milhões de euros através de uma emissão sindicada a oito anos, que contou com uma elevada procura. Os últimos dados, contabilizados após o fecho dos livros de ordens, apontam para uma procura superior a 46 mil milhões de euros (incluindo 1,85 mil milhões de euros dos joint lead managers da operação), o que corresponde a uma procura 13 vezes acima da oferta.
“Esta transação registou a maior carteira de encomendas até à data para qualquer linha de nova emissão única para a República”, refere o IGCP em comunicado, notando ainda que a maioria dos investidores que adquiriu estas obrigações foram bancos privados e fundos de investimento, que estão localizados na Europa, particularmente em Espanha, França, Itália e Reino Unido. Apenas 16,5% dos compradores que acorreu a estes títulos foram investidores portugueses
Esta operação, que foi a terceira emissão sindicada do ano, foi coordenada pelo IGCP através de um consórcio de bancos liderado pelo Barclays, BNP Paribas, CaixaBI, Citi, Crédit Agricole CIB e J.P. Morgan, foi fixada com uma yield perto da barreira dos 3%, na taxa de 2,961%, equivalente à taxa mid swap a oito anos acrescida de um prémio de 37 pontos base.
A estratégia do IGCP, liderado por Pedro Cabeços, passa por lançar simultaneamente duas tranches: uma nova linha de obrigações com vencimento em outubro de 2033 e a reabertura da obrigação existente com maturidade em 2054.
Esta segunda linha resultou na emissão de 1,5 mil milhões de euros e teve também uma elevada procura, com ofertas superiores a 35 mil milhões de euros (incluindo 875 milhões dos próprios bancos coordenadores) e um spread de 110 pontos base sobre acima da taxa mid swap, que correspondeu uma yield de 4,025%.
“A procura foi, portanto, muito significativa em ambas as maturidades, sinalizando forte apetite dos investidores pela dívida portuguesa”, refere Paulo Monteiro Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, sublinhando ainda que “este interesse é sustentado pela trajetória favorável das contas públicas nacionais, antecipando-se um rácio da dívida pública abaixo dos 90% em 2026 e equilíbrios orçamentais. Acrescem ainda as sucessivas melhorias da notação de crédito atribuídas pelas principais agências internacionais, que têm facilitado o acesso do Estado português ao financiamento.”
Para Paulo Monteiro Rosa, estas duas operações “confirmam o bom momento da República Portuguesa no acesso aos mercados, beneficiando de uma procura robusta e diversificada. Ainda assim, os investidores deverão ter em conta que as obrigações de prazo muito longo, como as de 2054, apresentam maior volatilidade e podem ter menor liquidez no mercado secundário.”
(Notícia atualizada às 18h35 com citação do comunicado do IGCP)
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