BRANDS' ECO Subsídios não são crescimento: o paradoxo financeiro da inovação em Portugal

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  • 10 Novembro 2025

Mafalda Duarte, CEO da Five Credit, reflete sobre o paradoxo da inovação em Portugal: muito financiamento público, pouca transformação sustentável.

Portugal vive uma persistente contradição estrutural. À primeira vista, o país parece um paraíso para o empreendedorismo: subsídios tão generosos que lideram a Europa, políticas públicas que prometem o futuro e um ecossistema com mais de 400 mil pequenas e médias empresas (PME) que deveriam ser o motor da prosperidade.

Mas por detrás desta visão otimista, que tipo de pergunta se esconde? A mais incómoda de todas: porque é que um país que canaliza tanto dinheiro público para a inovação não consegue transformá-lo em crescimento empresarial robusto e duradouro?

Mafalda Duarte, CEO da Five Credit

Muito Financiamento, Pouca Inovação Efetiva

O veredicto do European Innovation Scoreboard (EIS) 2025 é claro: Portugal é um ‘Inovador Moderado’ na União Europeia. O país lidera o ranking europeu em apoio governamental à I&D empresarial, com um avanço de 185,8% acima da média da UE. Nenhum outro país canaliza tanto dinheiro público para apoiar a inovação.

E, no entanto, a eficácia desse investimento é questionável. Portugal cai para o 23.º lugar em “despesa em inovação por pessoa empregada”, o que levanta a suspeita de que o financiamento público não se traduz, necessariamente, em investimento real, mas talvez em mero sustento.

O que deveria ser um ecossistema que se alimenta a si próprio — com inovação a gerar crescimento, que gera mais inovação — transformou-se, no diagnóstico de vários especialistas, numa “economia subsidiada”. É o drama da dependência: muitas empresas sobrevivem graças ao apoio público, mas poucas o utilizam como rampa de lançamento para inovar e crescer.

Capacidade de Inovar, Dificuldade em Escalar

Apesar desta fragilidade estrutural, seria injusto dizer que falta talento. Há sinais claros de capacidade criativa e modernizadora dentro das PME portuguesas.

As empresas nacionais mostram-se capazes de se modernizar e superam, inclusive, a média europeia em indicadores-chave: em inovação de processos, +10,8%, e em inovação de produtos, +8,1%. Mais, quando inovam, fazem-no com eficácia no mercado: Portugal ocupa um honroso 4.º lugar na Europa em receitas provenientes de novos produtos e serviços.

O problema, o verdadeiro calcanhar de Aquiles, surge a montante. Este sucesso é, em grande parte, limitado ao mercado doméstico. As boas ideias portuguesas raramente ganham escala e dificilmente atravessam as fronteiras para se tornarem jogadores globais. O desafio não é gerar inovação, mas transformar o sucesso local em crescimento sustentável e com competitividade.

O bloqueio surge no momento em que as empresas tentam escalar, colaborar ou internacionalizar-se.

Segundo o EIS 2025, Portugal está entre os últimos países da União Europeia em vários indicadores ligados à dimensão externa da inovação. Os números são frios, mas eloquentes:

  • Colaboração entre PME inovadoras: 21.º lugar na UE (67,1% da média europeia).
  • Investimento em capital de risco: 18.º lugar (36,2% da média europeia).
  • Exportações de serviços intensivos em conhecimento: 22.º lugar (42% da média europeia).
  • Estes dados desenham um padrão inequívoco: as empresas modernizam processos e desenvolvem novos produtos, mas falham redondamente em transformar essa capacidade interna em projeção internacional. Falta-lhes acesso a capital de risco que acelera, redes de colaboração que enriquecem e a presença nos mercados externos que valida. São estes os fatores que determinam se uma inovação se torna global ou se fica confinada ao nicho local.

Três Princípios que o Empresário deve ter em consideração:

Não inovar sozinho: A baixa “Colaboração entre PME inovadoras” atesta que o isolamento é letal para a inovação. As empresas que crescem mais depressa são as que tecem uma rede densa, que se rodeiam de universidades, startups, grandes corporações e parceiros internacionais. O talento em rede vale mais do que qualquer subsídio.

Não basta digitalizar, é preciso reinventar: Portugal construiu uma boa base digital, mas as empresas não conseguem transformar essa capacidade técnica em produtos e serviços com valor atrativo para outros países. É o que o EIS designa por “exportações de serviços intensivos em conhecimento”. Digitalizar não chega; o desafio está em transformar essas capacidades em novos modelos de negócio disruptivos e vendáveis.

O capital privado deve ser o verdadeiro combustível: Os fundos públicos ajudam a dar os primeiros passos, mas o investimento que realmente impulsiona o crescimento vem do capital accionista e financiamento. As empresas com projeção internacional não vivem de subsídios, mas atraem investidores. É a solidez do seu modelo financeiro e a forma como gerem o risco que as torna autónomas e as distingue das que apenas sobrevivem.

O aceso ao financiamento é um elemento essencial no crescimento empresarial. Além do financiamento bancário tradicional, na última década na Europa e, mais recentemente em Portugal, apareceu o financiamento alternativo. Em Portugal, é uma atividade regulada e permite aceder a financiamentos de forma completamente digital. A Five Credit é um precursor neste novo segmento de financiamento as PMEs com uma oferta complementar aos bancos tradicionais para puder chegar também as pequenas e medias PMES com respostas rápidas e soluções flexíveis. Este tipo de financiamento alternativo permite reforçar a estrutura financeira da empresa evitando a complexidade de um processo de abertura de capital.

Em resumo, Portugal tem talento, infraestrutura e vontade política. Falta-lhe a transição da dependência para a autonomia.

O país não precisa de mais subsídios; precisa de mais ligação, mais investimento privado e, acima de tudo, mais ambição. Porque a verdadeira inovação não reside em inventar algo novo, mas em criar o ecossistema onde esse algo novo possa crescer e internacionalizar.

Este é, precisamente, o desafio da próxima década: passar de um país que subsidia a inovação para um país onde a inovação se torna motor de crescimento estratégico. Inovar para melhorar produtividade e competitividade.

Nota sobre dados: Todos os indicadores citados referem-se ao European Innovation Scoreboard 2025, publicado pela Comissão Europeia, que avalia 27 Estados-Membros da UE através de 32 indicadores de desempenho em inovação, indexados à média da UE em 2018 (= 100 pontos).

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