EasyJet sem planos para voltar aos Açores “a curto ou médio prazo”. Bolieiro critica “reincidência” da Ryanair
Transportadora low cost, que deixou de voar para o arquipélago em 2017, diz que não decide "em função de movimentos de outras companhias aéreas”. Líder açoriano critica Ryanair por ser “reincidente".
A easyJet não prevê retomar operações nos Açores a curto ou médio prazo, apesar de afirmar que continua a acompanhar as oportunidades de mercado em todas as regiões onde opera ou possa vir a operar.
Em resposta a perguntas da Lusa, colocadas na sequência do anúncio da Ryanair de que irá cancelar todos os voo no arquipélago a partir de 29 de março de 2026, fonte oficial da easyJet afirmou que a companhia “monitoriza continuamente as oportunidades de mercado e os desenvolvimentos no ambiente operacional de todas as regiões onde opera ou possa vir a operar”.
Contudo, acrescentou que, “neste momento, não tem planos para um regresso aos Açores a curto ou médio prazo”.
A transportadora aérea ‘low cost’, que deixou de voar para o arquipélago em 2017, afirma que as suas decisões estratégicas “são tomadas com base numa análise rigorosa das condições de mercado, viabilidade económica e alinhamento com a estratégia global, e não em função de movimentos de outras companhias aéreas”.
A easyJet foi a primeira ‘low cost’ a chegar aos Açores, em 2015, na sequência da liberalização das ligações aéreas entre duas ilhas do arquipélago e o continente português.
Dois anos depois, quando anunciaram a saída, o diretor-geral da companhia, José Lopes, explicou que a easyJet não conseguiu entrar naquele mercado “com a oferta mínima de qualidade”.
“Nós não saímos por o tráfego de Ponta Delgada estar a baixar – estava a crescer – mas, na nossa conjuntura, não conseguimos ter a oferta que queríamos, que era, no mínimo, ter dois voos diários. Não tendo essa capacidade preferi retirar e transformar essas rotas em rotas diárias [em outros destinos]”, declarou José Lopes.
A Ryanair anunciou esta quinta-feira “que irá cancelar todos os voos de/para os Açores a partir de 29 de março de 2026, devido às elevadas taxas aeroportuárias (definidas pelo monopólio aeroportuário francês ANA) e à inação do Governo português”. Em causa, segundo a ‘low cost’, está o “aumento das taxas de navegação aérea em +120% após a Covid” e a intrdução de “uma taxa de viagem de dois euros, numa altura em que outros Estados da União Europeia (UE) estão a abolir taxas de viagem para garantir o crescimento de capacidade, que é escasso”.
Em reação, o Governo e a concessionária dos aeroportos mostraram-se surpreendidos com as declarações da Ryanair.
Além disso, o Ministério das Infraestruturas defendeu que “a taxa de rota aplicada aos Açores é a mais baixa da Europa e que a taxa de terminal se situa entre as mais reduzidas”.
Já a Associação do Alojamento Local dos Açores (ALA) manifestou, esta quinta-feira, “muita preocupação” com o anúncio da saída da Ryanair da região e espera que “a notícia seja uma tentativa de pressão junto do Governo”.
Bolieiro: posição da Ryanair é “surpreendente”, mas “reincidente”
Já o presidente do Governo dos Açores considerou que o anúncio da Ryanair de encerrar os voos para os Açores em março é “surpreendente”, mas “reincidente”, desejando que a operadora de baixo custo se mantenha por haver “vantagem mútua”.
José Manuel Bolieiro recordou que a posição da Ryanair “é reincidente” porque “já há alguns anos também foi a mesma prática” quando decorriam negociações.
Bolieiro, que falava aos jornalistas, em Ponta Delgada, na sequência da assinatura de um protocolo com a FLAD e a Universidade dos Açores, reconheceu que “a missão que a Ryanair presta aos Açores é importante”, sendo seu desejo que continue a operar para a região “porque tem uma vantagem mútua para o arquipélago e para a empresa, que faz um negócio”.
O líder do executivo açoriano afirmou que, “quanto à tentativa de passar responsabilidades”, pela parte do Governo dos Açores existe a “máxima tranquilidade” porque “tudo se faz, desde logo a partir da Visit Açores, que é a instituição que se relaciona diretamente com a Ryanair, que tem mantido contactos”.
“Quanto às alegações que o comunicado representa, já tive oportunidade de ouvir as reações quer da ANA Vinci, quer do Governo da República e confirmo a verdade dos factos”, afirmou Bolieiro.
Questionado sobre se a saída da Ryanair do mercado dos Açores se concretizar, Bolieiro refere que “há sempre que trabalhar alternativas”, mas acrescentou que avançar para essas alternativas “quando ainda se está numa fase negocial e de pressupostos seria pouco recomendável”.
Bolieiro refere que a dinâmica económica, numa eventual saída do mercado da Ryanair, gera alternativas, como aconteceu em 2023 quando a companhia promoveu uma redução drástica de voos e abandonou a base de Ponta Delgada, sendo que este mercado “é muito adaptável e o negócio é muito volátil”.
“Eu tenho preferência que a Ryanair continue aqui a desempenhar o seu papel, como também desejo que outras companhias aéreas possam fazer dos Açores uma oportunidade de negócio e melhorar a nossa acessibilidade em quantidade e qualidade, em preço e desonerar o custo aos passageiros”, afirmou.
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