É “utópico” aumentar salários para manter o poder de compra, avisa CIP
Presidente da CIP considera que é "utópico pensar que as empresas ou o próprio Estado" podem aumentar os salários "para manter o poder de compra”. CCP defende "orçamento agressivo" em termos fiscais.
A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) considera que é “utópico pensar que as empresas ou o próprio Estado” podem aumentar os salários “para manter o poder de compra” e defende que “há um conjunto de medidas que se interligam” e que “muitas delas terão que ser tratadas no seio da União Europeia (UE) para fazer face ao aumento dos custos de energia.
À saída de uma reunião de concertação social, marcada pelo Governo para apresentar as linhas gerais do Orçamento do Estado 2022, António Saraiva lembra que as empresas aumentaram “este ano o salário mínimo nacional (SMN) em 6%” quando “a inflação não era dessa ordem de grandeza”, contudo, sinaliza que face aos “aumentos brutais dos custos de produção” é “impossível” para o tecido empresarial acompanhar esta subida do custo de vida.
“É utópico pensar que as empresas ou o próprio Estado, sejamos honestos no raciocínio, pode de um momento para o outro aumentar salários para manter o poder de compra”, avisou António Saraiva, em declarações transmitadas pelas televisões. A opinião foi também partilhada pelo presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, que considera que “as empresas, em especial as PME e micro empresas não têm capacidade de acompanhar a inflação em termos salariais”.
Esta posição surge depois de vários partidos políticos, bem como dos sindicatos pedirem para que o setor público e privado aumente os salários. É o caso da presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, que, também no final desta reunião, referiu que é “muito urgente” fazer uma “reavaliação do SMN”, dado que considera que o aumento verificado no início do ano “já foi completamente absorvido pelo custo de vida”. Importa sublinhar que o Governo já veio colocar um travão a uma compensação total, temendo uma “espiral inflacionista”.
Não obstante, a CIP sublinha que “não há uma medida única que ultrapasse a dimensão deste problema”, defendendo que, no que toca à energia, “ há conjunto de medidas que se interligam e muitas delas terão que ser tratadas no seio da UE”, dando como exemplo “a compra conjunta de energia”, procurar “encontrar meios alternativos fornecimento de energia” ou até que cada Estado-membro aproveite as folgas para minorar a escalada dos preços da energia.
Além disso, António Saraiva insta o Governo a tomar medidas para combater os preços, mesmo que isso implique violar as regras europeias, dando como exemplo o que fizeram outros países ao descer o IVA da energia. “São medidas corajosas num tempo que se exige ousadia e rapidez de resposta a este quadro em que nos encontramos”, afirma.
Por fim, o presidente da CIP referiu ainda que voltou a alertar o Executivo para outras questões, nomeadamente no que concerne “à questão das tributações autónomas”, aos lucros retidos e reinvestidos, bem como à questão do IRC”. “Estas medidas, na nossa perspetiva, fomentam o investimento”, aponta.
Já o presidente da CCP mostrou-se preocupado com o facto de o Executivo “enfatizar excessivamente a política económica em torno do défice”, pedindo ao Executivo que apresente um “orçamento agressivo” em termos de fiscalidade que permita as empresas arrasarem”. “O esforço tem que ser repartido entre o Estado e as empresas”, concluiu.
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