“Centeno de Rio” fora do debate do Programa de Estabilidade após ajudar Montenegro

Joaquim Miranda Sarmento, que deu a cara pelo programa eleitoral do PSD, não irá intervir no debate do Programa de Estabilidade. A direção do PSD diz que o próprio não quis um papel de destaque.

O agora deputado social-democrata que foi apelidado de “Centeno de Rui Rio”, Joaquim Miranda Sarmento, não irá intervir no debate do Programa de Estabilidade esta quarta-feira à tarde, semanas depois de se saber que vai escrever a moção de Luís Montenegro ao Congresso do PSD. O grupo parlamentar social-democrata confirmou ao ECO que as intervenções ficarão a cargo dos deputados Duarte Pacheco, Afonso Oliveira e Jorge Paulo Oliveira.

Num comunicado enviado ao ECO após a publicação desta notícia, a direção do grupo parlamentar do PSD revela que “o Sr. Deputado Joaquim Sarmento manifestou pessoalmente ao Presidente do Partido, Dr. Rui Rio, pouco tempo após a sua eleição para a Assembleia da República em 30 de janeiro, que não queria exercer qualquer função na estrutura deste Grupo Parlamentar, não pretendendo assumir papel de destaque, devido a – segundo razões que o próprio indicou – desejar, no período em que inicia pela primeira vez um mandato como Deputado, encetar uma fase de aprendizagem e adaptação a essas novas funções”.

“Estamos seguros de que, decorrida esta fase, e porque, obviamente, as intervenções dos Grupo Parlamentar não se restringem, de forma alguma, a quem está na sua estrutura dirigente, o Sr. Deputado Joaquim Sarmento será, certamente, uma das revelações parlamentares da presente legislatura, em particular nas matérias que são da sua especialidade“, acrescenta a mesma nota.

O presidente do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD, que coordenou o programa eleitoral das eleições de 2022 com David Justino, já tinha ficado de fora do debate do Programa de Governo há duas semanas e volta a não ser escolhido para intervir no debate do Programa de Estabilidade, o documento que define as linhas orientadoras para as finanças públicas e a economia entre 2022 e 2026. Falta saber se irá ter um papel na discussão que se segue, a da proposta do Orçamento do Estado para 2022.

Contactado pelo ECO, Joaquim Miranda Sarmento preferiu não fazer comentários sobre o tema.

Este aparente afastamento de Miranda Sarmento do holofote dos sociais-democratas acontece depois de se saber no final de março que iria coordenar a moção estratégica de Luís Montenegro nas eleições internas do PSD. O Observador revelou a 31 de março que esta escolha do ex-líder parlamentar do PSD, que desafiou a liderança de Rio em 2020, tinha como objetivo agregar as figuras do “rioísmo”, mas parece haver resistência por parte dos atuais “generais” de Rui Rio no Parlamento.

Joaquim Miranda Sarmento também não foi escolhido para fazer parte do núcleo duro do grupo parlamentar, cujo líder é atualmente Paulo Mota Pinto. O professor do ISEG está na comissão de orçamento e finanças, como seria natural, mas o coordenador do PSD nessa comissão continua a ser Duarte Pacheco. O deputado Hugo Carneiro, secretário da direção do grupo parlamentar e mão direita de Rio no partido, é o vice-presidente da COF.

Apesar de assinar o projeto de resolução do PSD sobre o Programa de Estabilidade que “recomenda ao Governo a apresentação de um verdadeiro Programa de Estabilidade incluindo uma estratégia de regresso de Portugal à convergência com os países europeus”, Miranda Sarmento não apresentou esse documento. Foi Duarte Pacheco, Afonso Oliveira e Paula Cardoso (vice-presidente do grupo parlamentar) quem fez a apresentação esta terça-feira de tarde.

Joaquim Miranda Sarmento foi durante os últimos quatro anos o escolhido por Rui Rio para ministro das Finanças “sombra”, daí ter sido apelidado de “Centeno de Rio”, e o líder social-democrata chegou a confirmar que este era “ministeriável”. Esteve na linha da frente do programa eleitoral e do combate político tanto nas eleições legislativas de 2019 como nas de 2022, sendo que neste ano integrou as listas dos deputados. Como presidente do CEN foi responsável por vários documentos programáticos sobre a resposta económica à crise pandémica, a alocação dos fundos europeus, a reforma da Justiça, entre outros temas.

(Notícia atualizada às 16h54 com esclarecimento do grupo parlamentar do PSD)

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