Gazprom já fechou torneira do gás à Polónia e Bulgária. Preço dispara 13% na Europa
Estatal russa confirmou esta quarta-feira que já suspendeu o fornecimento de gás natural à Polónia e à Bulgária. Futuros de referência do gás na Europa disparam 12,5%, mas já estiveram a subir 20%.
A Gazprom confirmou esta quarta-feira que os abastecimentos de gás natural à Polónia e Bulgária foram interrompidos, justificando a decisão com o não pagamento dos contratos com rublos, a moeda russa. A decisão faz escalar de forma significativa as tensões entre Moscovo e o Ocidente, no contexto da invasão russa à Ucrânia, e está a impulsionar os preços deste combustível na Europa.
“A Gazprom suspendeu totalmente os fornecimentos de gás à Bulgargaz e PGNiG, por causa da falta de pagamentos em rublos”, anunciou a empresa estatal russa, referindo-se às empresas de gás da Bulgária e Polónia, citada pela Reuters.
O Kremlin tinha feito um ultimato ao Ocidente no final de março para que os abastecimentos de gás fossem pagos em rublos, a moeda local, o que chocaria com as sanções aprovadas contra Moscovo. Por isso, os traders estão a avaliar a possibilidade Moscovo fechar a torneira a outros países europeus, à medida que os prazos para pagamento se vão aproximando.
Esta quarta-feira, pelas 7h10, os futuros do gás TTF para entrega em maio, o contrato de referência na Europa, disparavam 21,11%, para 125 euros por MWh (megawatt-hora), de acordo com dados da Barchart, um máximo desde o início deste mês. Entretanto, já depois do anúncio da Gazprom, o preço aliviou para 116,105 euros, ainda assim uma subida intradiária de 12,5%.
Cerca de metade do gás natural consumido pela Polónia tem origem na Rússia, bem como nove décimos do combustível consumido pela Bulgária. Alemanha e Hungria são outros dos países com alguma dependência do gás russo.
“Cortar o fornecimento de gás é uma violação de contrato e a PGNiG reserva o direito de pedir compensação e vai usar todos os meios contratuais e legais para esse efeito, disse fonte oficial da importadora de gás polaca. Andriy Yermak, chefe de gabinete do Presidente da Ucrânia, também já reagiu, dizendo que “começou a chantagem do gás [pela Rússia] à Europa”.
O anúncio do corte de abastecimento surge numa altura em que a descida das temperaturas no continente europeu ameaçam impulsionar o preço do gás, devido ao aumento da procura. Além da produção elétrica, o gás é usada por muitas famílias europeias para aquecimento das habitações.
Na terça-feira, Portugal e Espanha chegaram a um acordo político com a Comissão Europeia que vai permitir aos dois países imporem um limite temporário de, em média, 50 euros por MWh no preço do gás natural. O mecanismo vai poder ser usado por cerca de 12 meses e visa desassociar o preço da eletricidade no mercado grossista ibérico do preço do gás nos mercados internacionais.
(Notícia atualizada às 8h42 com anúncio da Gazprom)
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