Trabalhadores em greve da Efacec lamentam “ausência de resposta” do Governo e da administração
"Consideramos inaceitável que o Estado português não atribua aumentos salariais aos seus trabalhadores", afirma o sindicato.
Os trabalhadores da Efacec lamentaram a “ausência de resposta” da empresa e do Governo após a nova greve parcial que cumpriram esta quarta-feira, reclamando aumentos salariais, a demissão da administração e contestando a reprivatização.
“Temos a destacar a ausência de resposta tanto do Governo, como da administração, às reivindicações dos trabalhadores, com especial foco na questão salarial, porque já estamos no final de abril e aquilo que se sabe é que os trabalhadores não vão ter aumento salarial, vendo o seu poder de compra degradar-se a cada dia”, disse à agência Lusa Sérgio Sales, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte).
Para o dirigente sindical, esta ausência de resposta “é inaceitável”: “Da administração até damos de barato, mas do Governo – porque a empresa continua a estar nas mãos do Estado – não. Consideramos inaceitável que o Estado português não atribua aumentos salariais aos seus trabalhadores, pelo péssimo exemplo que dá a todos os trabalhadores portugueses”, sustenta.
Segundo Sérgio Sales, tal como decidiram, em plenário, a realização das duas greves de duas horas cumpridas hoje e na passada quarta-feira, os trabalhadores vão, agora, voltar a reunir-se para discutir novas formas de luta. “Iremos recolher novamente a plenário, brevemente, para discutir com os trabalhadores, que decidirão o que fazer a seguir”, disse.
De acordo com o Site-Norte, são quatro os pontos reivindicativos apresentados pelos trabalhadores: um aumento salarial de 90 euros, a compra de matérias-primas que assegure o normal funcionamento da Efacec, a não reprivatização da empresa e a demissão da administração. Relativamente à atualização salarial, Sérgio Sales diz que a proposta apresentada no final do ano passado pelo sindicato foi de 90 euros, mas “a administração diz que não vai atribuir aumentos, mas fazer o que chama de ‘ajustes’”.
Em comunicado, a administração da Efacec garante, contudo, respeitar “integralmente os compromissos assumidos no âmbito da negociação coletiva de trabalho, entre a Associação de Empregadores (ANIMEE) e os sindicatos representativos dos trabalhadores, e ter “sempre presente, a par da progressão salarial, a formação e desenvolvimento de carreiras, a justa remuneração e retenção de todos os trabalhadores”.
No passado dia 25 de março, a Parpública anunciou ter assinado com a portuguesa DST SGPS o acordo de venda direta da participação que detinha na Efacec, seguindo-se uma “fase de concretização das condições precedentes para o fecho da operação de reprivatização”, que estará em curso.
Segundo a resolução do Conselho de Ministros que aprovou o negócio, publicada em 25 de fevereiro, a proposta apresentada pela DST foi a que, “ao longo das várias fases do processo, mais se aproximou dos principais objetivos fixados pelo Governo” para venda da Efacec.
O Governo pretendia que o processo de reprivatização dos 71,73% do capital social da Efacec atualmente nas mãos do Estado tivesse ficado concluído até ao final do ano passado, sendo que o grupo DST acabou por ser o único a apresentar uma proposta final de compra.
A entrada do Estado na Efacec decorreu da saída de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, da esfera acionista, na sequência do envolvimento no caso ‘Luanda Leaks’, no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária.
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