Portugal e Malta são os países da UE menos expostos aos efeitos da guerra

Uma análise da Comissão Europeia à vulnerabilidade dos Estados-membros aos efeitos da guerra mostra que Portugal e Malta são dos menos expostos. Letónia e Estónia são dos mais expostos.

No relatório das previsões de primavera, a Comissão Europeia decidiu elaborar uma matriz de vulnerabilidade dos Estados-membros aos efeitos da guerra na Ucrânia, fruto da invasão russa, e concluiu que Portugal e Malta são dos países menos expostos, ao passo que a Letónia e Estónia são os dois países mais expostos.

Desde logo, é evidente que a invasão russa na Ucrânia afeta mais a economia europeia do que outras grandes economias, como é o caso dos Estados Unidos e da China. Mas dentro da União Europeia há casos muito díspares, refletindo a proximidade geográfica e as ligações comerciais e empresariais entre os países.

Os canais de transmissão do impacto económico da guerra são o comércio, as matérias-primas (principalmente energia) e os mercados financeiros. Para chegar a um resultado, a Comissão Europeia analisou 13 dimensões de vulnerabilidade, como por exemplo a intensidade energética, a dependência das importações com origem na Rússia e os ativos detidos por russos.

Como seria de esperar, os países bálticos e os da Europa Central e de Leste são os mais vulneráveis, principalmente por causa da elevada intensidade energética das suas economias e a importância da Rússia no comércio, particularmente nas importações de gás. A estes junta-se o Chipre por causa das exportações de serviços (turismo) para a Rússia e o elevado valor de ativos detidos por russos.

Esta dependência face à Rússia é visível quando os peritos europeus calculam que a economia europeia entra em recessão (dois trimestres consecutivos de contração do PIB em cadeia) este ano se a União Europeia decidir cortar o gás russo como sanção pela invasão na Ucrânia. No cenário severo, que abarca essa hipótese, o crescimento do PIB no conjunto do ano seria inferior em 2,5 pontos percentuais face ao cenário base (2,7%) e a taxa de inflação seria três pontos percentuais acima (face aos atuais 6,1%).

Entre os maiores Estados-membros, a Polónia surge como o país mais vulnerável devido à elevada exposição do comércio com a Rússia, assim como a importância da energia russa no consumo energético dos cidadãos. Segue-se os Países Baixos (preços da energia elevado), a Alemanha e a Itália (ambos dependentes do gás russo) com uma exposição em linha com a média europeia. Ainda nas principais economias, França e Espanha são das menos expostas.

Já Portugal e Malta “fecham o ranking” como os Estados-membros da União Europeia menos expostos aos efeitos da guerra. Isso poderá explicar, em parte, o porquê da economia portuguesa ser a que mais vai crescer (5,8%) em 2022, de acordo com as previsões da Comissão Europeia divulgadas esta segunda-feira, e, ao mesmo tempo, o país com a taxa de inflação mais baixa (4,4%).

Na análise à economia portuguesa, os peritos europeus reconhecem que os riscos descendentes são mais expressivos como resultado da invasão russa na Ucrânia. Contudo, “à luz da baixa exposição direta de Portugal à região afetada, os riscos são maioritariamente indiretos, decorrendo dos preços das matérias-primas, da segurança do abastecimento e da incerteza sobre a procura mundial“, explica a Comissão Europeia.

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