Quinta urbana em Cascais quer produzir oito toneladas de cogumelos com as borras de café da Delta

Após o sucesso em Lisboa, o projeto de economia circular expande para o concelho vizinho onde pretende produzir oito toneladas de cogumelos por ano.

Nasceu em Cascais a segunda quinta urbana de produção sustentável de cogumelos que pretende impulsionar a economia circular no concelho. O Nãm, projeto criado pelo empreendedor belga Natan Jacquemin, dá assim o primeiro passo de expansão do negócio depois da estreia em Lisboa, e pretende produzir, nesta fase inicial, até oito toneladas de cogumelos por mês através da recolha de cerca de duas toneladas de borras de café da Delta.

“A missão da Nãm é de mostrar que podemos reconciliar economia e ecologia. Acreditamos que isso é o maior desafio deste século”, explicou o fundador da iniciativa ao ECO/Capital Verde, esta terça-feira, na inauguração do espaço.

Para o governante, projetos e iniciativas que, tal como a Nãm, procurem reutilizar resíduos e promovam práticas de conceção ecológica, podem gerar poupanças líquidas de cerca de 600 mil milhões de euros às empresas da União Europeia, criar 170 mil empregos diretos no setor da gestão de resíduos e, ao mesmo tempo, contribuir para a redução de até 4% das emissões totais de gases de efeitos estufa.

“Por vezes, pequenos projetos mas, obviamente, somados e acrescentados com outros de maior dimensão, permitem alcançar resultados extraordinários, se nos dedicarmos”, referiu Duarte Cordeiro durante o seu discurso.

Contentor de produção dos cogumelos Nãm através das borras de café da Delta (foto cedida)

 

Na fábrica de Marvila – onde Natan arrancou com o projeto ainda durante o auge da pandemia, em 2020 – e juntamente com a unidade de produção de Famões, em Odivelas, a Nãm foi responsável por produzir 30 toneladas de cogumelos anualmente através de 100 toneladas de borras de café reutilizadas. Em termos de impacto ecológico, estes números equivalem a 480 árvores plantadas e menos 1.200 carros em circulação. Tudo isto, permite uma redução anual de consumo de 48 toneladas de dióxido de carbono (CO2). Já em termos de empregabilidade, a startup conta agora com cerca de 10 colaboradores, sendo que cada quinta urbana tem, pelo menos, um agricultor responsável pela produção e venda de cogumelos.

“O nosso objetivo sempre foi recolher borras de café e construir uma rede de agricultores urbanos, não só em Lisboa, como no país inteiro”, explicou o fundador. “E Cascais é a primeira fase para expandir essa rede”, garantiu. Além desta ambição, Natan espera que o projeto permita criar parcerias com escolas e restaurantes locais.

A fábrica nascida ao lado do Mercado da Vila de Cascais, (onde serão vendidos os cogumelos produzidos), tem como premissa a recolha controlada e certificada da borra de café da Delta e a sua posterior utilização para a produção sustentável e consciente de cogumelos. Além da venda deste fungo alimentar, pelo preço médio de 10 euros, o projeto utiliza o composto residual enquanto fertilizante biológico para utilização nas hortas comunitárias de Cascais.

Joana Balsemão, vereadora do Ambiente da Câmara de Cascais explica ao ECO/Capital Verde que depois da visita da autarquia ao polo de Marvila, a intenção foi de replicar a iniciativa no concelho por perceber “as ondas de impacto” e considerá-lo como uma “alavanca para a transição verde e um novo modelo territorial e social”.

Quanto à próxima quinta, o jovem belga não revela detalhes, embora admita já ter pensado em potenciais localidades onde seja possível concretizar o mote de “nada se perde, tudo se transforma”.

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