Inflação sem energia e alimentos acima da média da Zona Euro há cinco meses
Desde janeiro deste ano que a taxa de inflação subjacente em Portugal tem sido mais elevada do que a da média da Zona Euro.
Não é algo circunstancial nem provocado pela invasão russa na Ucrânia. Os dados mostram que a taxa de inflação subjacente, a qual exclui a energia e os bens alimentares, de Portugal está há cinco meses consecutivos acima da média da Zona Euro, o que indicia que a subida dos preços generalizou-se mais na economia portuguesa do que na economia europeia.
Em causa está o IHPC (Índice Harmonizado dos Preços no Consumidor) que é o indicador utilizado para comparações a nível europeu.
Neste caso, usa-se o IHPC “core”, o qual exclui produtos alimentares não transformados e energéticos, para perceber se a subida dos preços está a generalizar-se na economia ou não.
O que mostram os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Eurostat é que, apesar de o IHPC “headline” ser igual em Portugal e na média da Zona Euro – 8% em maio –, a inflação subjacente é maior na economia portuguesa há cinco meses consecutivos. Como mostra o gráfico, tal acontece desde janeiro, ainda antes da invasão russa na Ucrânia.
“Excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, o IHPC em Portugal atingiu uma variação homóloga de 5,8% em maio (5,3% no mês anterior), superior à taxa correspondente para a área do Euro que se fixou em 4,4%“, escreve o gabinete de estatísticas nacional esta terça-feira na segunda estimativa da taxa de inflação de maio. Esta é uma taxa já próxima dos 6,2% de inflação subjacente que se registou nos Estados Unidos.
Esta diferenciação entre Portugal e a Zona Euro já tinha sido notada anteriormente. “A inflação subjacente passou de 5,0% para 5,6%, ficando ainda mais acima do indicador equivalente dos nossos parceiros, o que não é nada tranquilizador“, alertava o Fórum para a Competitividade no início deste mês numa nota de conjuntura.
“Também a componente core da inflação registou em maio uma taxa de variação homóloga de 5,6%, o que sinaliza a possibilidade de uma maior persistência do fenómeno inflacionista“, acrescentam os economistas do BPI numa recente nota, referindo que “verifica-se que a inflação muito elevada (acima de 5%) se estendeu a quase metade do cabaz de compras do IPC”.
Contudo, também é de notar que existe uma grande diferença na taxa de inflação entre os 27 Estados-membros da União Europeia ou os 19 países da Zona Euro, como mostram os dados do Eurostat.
Na realidade, a maior parte dos Estados-membros têm uma taxa de inflação superior à de Portugal. Contudo, como a média da Zona Euro é ponderada – isto é, tem em conta o peso de cada economia –, o valor acaba por baixar uma vez que grandes países como França, Itália, Espanha e Alemanha não estão entre os mais afetados pelo fenómeno inflacionista na Europa.
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