Deloitte duvida de abates de 155 milhões na dívida de três clientes no Novobanco
Novobanco fez abates parciais de dívida no valor de 155 milhões de euros de três credores em relação aos quais a auditora não encontrou suporte ou suporte suficiente para justificar decisões.
O Novobanco realizou abates parciais de dívida no valor de 155 milhões de euros em relação a três credores em 2020 para os quais a auditora Deloitte não encontrou suporte ou suporte suficiente para justificar aqueles write-offs, segundo o relatório da auditoria especial divulgada esta terça-feira pelo Parlamento.
Ao longo de 2020, o banco procedeu a abates contabilísticos para um conjunto de devedores que originaram uma redução da exposição bruta de cerca de 346 milhões de euros. De acordo com a Deloitte, para avançar com estes abates, a instituição utilizou imparidades que já se encontravam constituídas à data de abate dos créditos relativos a esses devedores, “não tendo gerado nesse momento impacto nos resultados” de 2020.
Ainda assim, a auditora sinaliza que nesse ano, ainda antes da data de abate desses créditos do seu balanço, o banco registou perdas por imparidade de 57 milhões para estes devedores, o que, consequentemente, penalizou as contas.
No relatório da auditoria especial por conta do pedido de capital ao Fundo de Resolução em 2021, em relação aos prejuízos de 2020, a Deloitte fez uma descrição das regras internas do Novobanco para o abate de créditos, as quais foram revistas em outubro de 2019, prevendo “um conjunto de critérios mais detalhados” do que as anteriores regras de 2016. E não deixa de destacar um facto curioso: “De acordo com o banco, a evidência de aprovação desta política corresponde a uma ata de uma reunião documentada num ficheiro em formato Excel, onde consta a indicação da presença do administrador do pelouro, que foi partilhada por email com a generalidade dos participantes”.
A Deloitte conta que um mês depois, em novembro de 2019, foi partilhada com os outros departamentos uma versão preliminar do normativo interno relativo aos abates, “sendo que apenas em maio de 2021 este normativo foi efetivamente divulgado”, quase dois anos depois.
Apesar de tudo, o banco assegura que os procedimentos incluídos no normativo “já se encontravam divulgados em vigor desde outubro de 2019”. E garante que, apesar de os abates ocorrerem “em casos em que não é economicamente viável a continuação de tentativas de recuperação, a generalidade dos créditos que são abatidos continuam a ser acompanhados internamente como créditos exigíveis, continuando a desenvolver esforços de recuperação”.
Ainda assim, a Deloitte manifestou dúvidas em relação a abates parciais de dívida no valor de 155 milhões de euros de três devedores da sua amostra, dos quais “77 milhões de euros não foram obtidos os suportes para o valor do abate parcial realizado e 78 milhões de euros o suporte disponibilizado não era suficiente para evidenciar o racional subjacente ao cálculo do valor do abate parcial realizado”.
O Novobanco registou prejuízos de 1.329 milhões de euros em 2020 e pediu mais de 500 milhões de euros ao Fundo de Resolução para compensar o impacto das perdas nos rácios regulamentares.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Deloitte duvida de abates de 155 milhões na dívida de três clientes no Novobanco
{{ noCommentsLabel }}