Falta de chips “vai durar até final de 2023”, alerta Carlos Tavares
Com capacidade para produzir até 100 mil unidades por ano, fábrica da Stellantis em Mangualde está a ser preparada para produzir um veículo elétrico, só não se sabe a partir de quando.
A falta de chips vai afetar a fábrica da Stellantis em Mangualde até ao final de 2023. O líder da aliança automóvel, Carlos Tavares, assumiu uma postura mais conservadora relativamente à escassez deste componente para o fabrico de carros. Como consequência, a unidade da Stellantis em Mangualde não poderá reforçar o número de trabalhadores durante mais alguns meses.
“Prefiro ser mais prudente: acho que isto ainda vai durar até ao final de 2023. Toda a capacidade de produção dos semicondutores foi […] abandonada durante o primeiro confinamento e foi transferida para a eletrónica de consumo, negócio mais rentável do que o automóvel para as empresas asiáticas”, referiu Carlos Tavares numa sessão com jornalistas após a cerimónia dos 60 anos da Stellantis Mangualde.
Na semana passada, o líder do grupo Volkswagen adiantou que o problema com os semicondutores estava a caminhar para o fim. Também nessa altura, o presidente executivo da Mercedes-Benz reconheceu que o problema poderia estender-se para o ano de 2023.
Em maio, era esperado que a fábrica do distrito de Viseu passasse a contar com mais de 90 trabalhadores, devido à criação de um novo turno. Mas tal não irá acontecer em breve: “se não houver, não vale a pena ter [mais] uma equipa”, refere Carlos Tavares de forma taxativa.
Prefiro ser mais prudente: acho que isto ainda vai durar até ao final de 2023. Toda a capacidade de produção dos semicondutores foi […] abandonada durante o primeiro confinamento e foi transferida para a eletrónica de consumo, negócio mais rentável do que o automóvel para as empresas asiáticas
A escassez de semicondutores também está a travar a capacidade de escalar a produção da unidade da Stellantis em Portugal. Depois do recorde de 77.607 unidades em 2019, os números de 2021 e de 2020 baixaram para 67.838 e 64.659 unidades, respetivamente.
Segundo Carlos Tavares, a fábrica “tem margem para produzir até 100 mil unidades”. A partir de outubro, a fábrica vai iniciar a produção do quarto modelo, o Fiat Doblò, que vai juntar-se aos ‘irmãos’ Citroën Berlingo, Peugeot Partner e Opel Combo.
“A procura pelos nossos veículos comerciais está muito elevada. Temos um caderno de encomendas muitíssimo forte. […] O problema é só do lado dos semicondutores. Quando houver visibilidade sobre isso, já temos as encomendas”, afirmou.
Futuro elétrico (ainda) sem data
Durante a sessão, o Presidente da República acabou por antecipar-se e afirmou que “no amanhã, serão produzidos veículos elétricos”. Assumindo a inconfidência de Marcelo Rebelo de Sousa, o líder da Stellantis confirmou que “haverá um dia nesta fábrica um veículo elétrico“, até porque está inscrito no plano estratégico da aliança até 2030. “Nesse ano, todas as vendas da Stellantis serão de carros elétricos, o que terá impacto nas fábricas”, adiantou.
Apenas não se sabe quando. “O que está em aberto é a data em que vai ser executado esse plano porque ainda há muitas incógnitas sobre a velocidade a que as vendas e a procura dos veículos elétricos vão crescer, inclusivamente devido a factos de energia elétrica limpa, infraestrutura de carregamento de baterias – longe de finalizar”.
Temos organizada a fábrica para que possa estar sempre ajustada ao nível de mercado, com muita flexibilidade e uma grande ajuda dos nossos parceiros sociais: os sindicatos têm sido estupendos para agilizar a empresa e a adaptar a um contexto externo muito volátil. Isso tem protegido a fábrica
Em conclusão, Carlos Tavares antecipa que “a versão elétrica chegará aqui e as equipas em Mangualde já estão a preparar isso, para responder com agilidade a essa eventualidade”.
O gestor português elogiou mesmo os parceiros sociais da fábrica: “Temos organizada a fábrica para que possa estar sempre ajustada ao nível de mercado, com muita flexibilidade e uma grande ajuda dos nossos parceiros sociais: os sindicatos têm sido estupendos para agilizar a empresa e a adaptar a um contexto externo muito volátil. Isso tem protegido a fábrica.”
Instalada em Mangualde desde 1962, a fábrica da Stellantis em Portugal já produziu mais de 1,5 milhões de automóveis.
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