Centeno: “Agências de rating não são justas com Portugal”
Mário Centeno quer que Portugal saia do Procedimento por Défices Excessivos (PDE). Acredita que a remoção do PDE pode levar a uma revisão em alta dos ratings, aliviando os encargos com juros do país.
Mário Centeno conseguiu o menor défice em democracia. Deverá ficar “muito perto de 2%”, o que leva o ministro das Finanças a pedir que Portugal saia do Procedimento de Défices Execessivos (PDE). Esse será, acredita, um ponto de viragem, podendo levar as agências de rating a subir a notação do país. Agências que “não estão a ser justas com Portugal”, diz ao Financial Times (FT) (conteúdo em inglês/acesso pago).
Além do défice, “a nossa economia tem vindo a expandir-se há 13 trimestres consecutivos“, diz Centeno. “Se isto não é o suficiente para que o país saia do PDE, não sei o que será necessário”, referiu o ministro à publicação britânica. Só na próxima semana será revelado o resultado final do défice, um momento que o ministro acredita pode mudar a perceção das agências sobre Portugal.
"É importante que as agências de rating percebam que Portugal é hoje diferente do Portugal de 2012. A redução sustentável da dívida das famílias e empresas tem sido impressionante.”
“Penso que as agências de rating não estão a ser justas com Portugal“, diz, referindo-se ao facto de nenhuma das três grandes agências ter uma notação de qualidade para o país. Só a DBRS tem uma classificação fora de “lixo” para a dívida nacional, permitindo a Portugal ser elegível para o programa de compras de dívida do Banco Central Europeu (BCE).
“A maior parte do nosso orçamento é gasto com os juros da dívida, mais do que qualquer outro país do euro”, diz Centeno ao FT. “É importante que as agências de rating percebam que Portugal é hoje diferente do Portugal de 2012. A redução sustentável da dívida das famílias e empresas tem sido impressionante”, nota.
Apesar da desalavancagem das famílias e empresas, mas também dos melhores números da economia, Portugal continua a ser percecionado com um país de risco elevado pelas agências, mas também pelos mercados. Os juros da dívida nacional têm vindo a agravar-se, com a taxa a dez anos a rondar os 4%.
Há diferentes vulnerabilidades em todos os países e nós percebemos a nossa. É por isso que temos implementado medidas que geram crescimento, consolidação orçamental e coesão social.
“Há diferentes vulnerabilidades em todos os países e nós percebemos a nossa”, diz Centeno. “É por isso que temos implementado medidas que geram crescimento, consolidação orçamental e coesão social”, refere. O crescimento é importante, ainda para mais para um país que continua a ter um nível elevado de dívida. Centeno justifica esse rácio elevado com a banca.
A dívida pública portuguesa subiu para 130,5% do PIB no final do ano passado. “Tivemos de pagar 4,4 mil milhões de euros para estabilizar o setor financeiro. Caso contrário, a dívida estaria já numa tendência claramente descendente”, notou o ministro das Finanças ao FT.
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