Gazprom invoca “motivos de força maior” para limitar fornecimento. Corte de gás pode roubar 1,5% ao PIB europeu

Três clientes terão sido notificados de "motivos de força maior" que justificam um fornecimento de gás limitado. Encerramento definitivo do Nord Stream pode roubar até 1,5% do PIB, diz Bruxelas.

A Gazprom invocou “motivos de força maior” para justificar uma limitação nos abastecimento de gás através do Nord Stream, o principal gasoduto que transporta gás da Rússia para a Europa. De acordo com a notícia avançada pela Bloomberg, esta segunda-feira, a indicação terá sido transmitida a pelo menos três compradores, na semana passada, a 14 de julho. Entre eles, estará a energética alemã Uniper, avança a Reuters.

Recorde-se que o Nord Stream encontra-se encerrado até ao próximo dia 21 de julho na sequência de um processo de manutenção que estava previsto para estas datas. No entanto, numa altura em que a Gazprom tem reduzido os fluxos de gás para países como a Alemanha ou Itália, as preocupações de que o gasoduto não volte a abrir começam a ser maiores. Às restrições do Ocidente aplicadas à Rússia na sequência da guerra na Ucrânia, acresce também o conflito gerado devido à não entrega de uma turbina que estava retida no Canadá, mas que foi devolvida no domingo.

A Comissão Europeia já tinha avançado com estimativas sobre o impacto que o encerramento total do Nord Stream teria nas contas mas, esta segunda-feira, um documento preliminar do executivo comunitário, a que a Bloomberg teve acesso, revela que o corte no fornecimento de gás russo à Europa pode significar uma redução até 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) dos 27 Estados-membros, no cenário mais pessimista. No caso de um inverno estável, um corte no fornecimento de gás reduziria o PIB entre 0,6% e 1%. O valor consta no plano de contingência que a União Europeia preparou para fazer frente ao possível corte definitivos e que será apresentado na quarta-feira, dia 20 de julho. O documento, intitulado “Poupar gás para um inverno seguro” deverá sugerir um racionamento do uso de energia do bloco, bem como a diversificação de fontes de energia e ainda a criação de um sistema de alertas.

Simulações da Comissão Europeia e dos operadores do sistema de gás mostram que um corte nas importações russas, em julho, significaria que as reservas da União Europeia ficariam preenchidas entre 65 a 71% no início de novembro, abaixo da meta de 80% necessária para o inverno. Isso indica uma lacuna de 30 mil milhões de metros cúbicos de gás (bcm, na sigla em inglês) num cenário de um inverno com temperaturas dentro da média e um fornecimento de gás natural liquefeito alto, sugerindo um risco muito alto de stocks vazios em vários Estados-membros já em abril de 2023, cita a Bloomberg.

O colunista de energia e commodities da Bloomberg, Javier Blas, indica que a crise energética pode custar aos contribuintes do bloco europeu cerca de 200 mil milhões de dólares (cerca de 196 mil milhões de euros). “É uma cadeia de dominós de energia em queda – uma em que cada peça vale muitos milhares de milhões de euros”, diz o mesmo. “Quando a poeira baixar, a conta total para resgatar o mercado de energia europeu neste inverno chegará facilmente aos 200 mil milhões de dólares”, refere, admitindo que esta previsão é “conservadora” e que não tem em conta “o cenário mais pessimista”, que inclui um corte definitivo e um inverno com temperaturas mais frias do que a média.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Gazprom invoca “motivos de força maior” para limitar fornecimento. Corte de gás pode roubar 1,5% ao PIB europeu

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião