Provisões levam banco do BCP na Polónia para prejuízos de 56 milhões no primeiro semestre
Avultadas provisões registadas com carteira de crédito em moeda estrangeira atiraram resultados do Bank Millennium para prejuízos de 56,6 milhões de euros. Banco antecipa prejuízos para 3.º trimestre.
O Bank Millennium, com sede em Varsóvia, e no qual o BCP detém uma participação de 50,1%, terminou o primeiro semestre com um prejuízo de 56,6 milhões de euros (-262,6 milhões de zlótis), informou esta terça-feira a instituição bancária, num comunicado enviado à CMVM. Um resultado em grande medida explicado pelas provisões para riscos legais relacionados com a carteira de créditos hipotecários denominada em moeda estrangeira, muito em particular com os créditos em francos suíços. Mas o banco antecipa já novos prejuízos no terceiro trimestre devido ao reconhecimento upfront dos custos com moratórias de crédito, que implicará que os rácios de capital se fixem temporariamente abaixo dos requisitos mínimos, uma hipótese que levou o banco a lançar um plano de recuperação.
“O resultado líquido do primeiro semestre de 2022 foi substancialmente influenciado por provisões para riscos legais relacionados com a carteira de créditos hipotecários denominada em moeda estrangeira, que totalizou 1.014,6 milhões de zlótis (218,8 milhões de euros), dos quais 918,6 milhões de zlótis (198,1 milhões de euros) atribuíveis a créditos hipotecários em francos suíços originados pelo Bank Millennium e 96 milhões de zlótis (20,7 milhões de euros) relativos à carteira de créditos hipotecários em francos suíços do Euro Bank”, pode ler-se no comunicado enviado ao mercado.
“As provisões acumuladas para risco de litigância sobre créditos hipotecários em francos suíços no final do primeiro semestre de 2022 representavam 36,3% da carteira de crédito hipotecário denominada em moeda estrangeira, originada pelo Bank Millennium”, acrescenta a mesma nota.
Sem provisões o banco tinha lucros
No entanto, se não fossem as provisões e as contribuições para o Fundo de Resolução os resultados teriam positivos, ou seja, a unidade polaco do BCP teria tido um lucro de 243,2 milhões de euros.
“Excluindo itens extraordinários relacionados com créditos hipotecários denominados em moeda estrangeira, ou seja, provisões para risco legal, custos com acordos extrajudiciais com clientes e outros custos legais associados aos créditos hipotecários em francos suíços, e com distribuição linear da contribuição para o fundo de resolução do BFG (sem impacto líquido da contribuição do IPS), o lucro líquido no primeiro semestre 2022 teria sido de 1.127,8 milhões de zlótis (243,2 milhões de euros), representando um aumento em base comparável de 106,2%”, precisa o comunicado.
Neste período, o banco apresentou um bom desempenho operacional. O produto bancário total aumentou 39,5% em termos homólogos, a margem financeira aumentou 67,6% face ao primeiro semestre de 2021, refletindo o aumento das taxas de juros ocorrido desde outubro de 2021 e as comissões líquidas cresceram 3,1% também em termos homólogos. No entanto, os custos operacionais (sem BFG/IPS) aumentaram 9,4%.
O banco revela um crescimento de 4% do crédito a retalho, em termos homólogos (12%, em termos homólogos, excluindo créditos concedidos em moeda estrangeira), com uma nova produção trimestral de créditos hipotecários, 2,2 mil milhões de zlótis (0,5 mil milhões de euros) no segundo trimestre de 2022, um aumento de 12%, em termos homólogos. “Em junho de 2022, a quota de mercado de nova produção de crédito à habitação situou-se 13,5% e em 9,8% na nova produção de cash loans“, diz o banco.
No caso das empresas, houve um aumento de 5% do crédito, em termos homólogos, registando-se um crescimento de 24% dos depósitos, em termos homólogos e um crescimento homólogo de 8% do volume de negócio de leasing.
Bank Millennium antecipa prejuízos para o terceiro trimestre
O banco polaco do BCP antecipa que vai voltar a ter prejuízos no terceiro trimestre, não pelo impacto das provisões que há muito penalizam os seus resultados, mas devido à contribuição adicional do setor bancário para o Fundo de Apoio aos Mutuários (FWK) — de 1,4 mil milhões de zlótis — e ao impacto das moratórias de crédito.
A Polónia criou uma Lei a 7 de julho com um conjunto de medidas destinadas a apoiar os mutuários de créditos hipotecários denominados em zlótis, nomeadamente a possibilidade de suspender até oito prestações mensais (duas prestações no terceiro trimestre e outras duas no quarto trimestre e uma em cada trimestre de 2023. Em causa está apenas um crédito à habitação por família, para créditos concedidos antes de 1 de julho de 2022.
O Bank Millennium antecipa que o custo máximo das moratórias de crédito será de 1,8 mil milhões de zlótis ao nível do grupo, caso 100%
dos mutuários elegíveis usem esta opção e que o custo upfront das moratórias a registar no terceiro trimestre, “com base numa taxa de participação esperada entre 75% a 90%, acima da média de mercado (66%) anunciada até o momento”, tenha impacto negativo nos próximos resultados trimestrais. “Espera-se que o reconhecimento upfront dos custos com moratórias de crédito resulte num resultado líquido negativo no terceiro trimestre“, lê-se no comunicado.
Por outro lado, a instituição também antecipa uma redução em cerca de 300 p.b. dos rácios de capital, admitindo que “o maior défice” será ao nível do rácio T1, que no grupo “poderá reduzir-se em 118-174 p.b., situando-se abaixo dos atuais requisitos mínimos estabelecidos pela Autoridade de Supervisão Financeira Polaca (‘PFSA’)”.
Ora, o risco de incumprimento dos rácios de capital levou o banco a lançar um plano de recuperação, que foi aprovado pelo regulador em fevereiro. “Cada banco deve ter um plano de recuperação pronto e atualizado pelo menos uma vez por ano junto da PFSA”, explica o comunicado ao mercado, sendo que durante o processo de recuperação, o BCP não paga o imposto especial sobre o setor bancário, que supera os 80 milhões de zlótis por trimestre.
O banco revela que “pretende aumentar confortavelmente os rácios de capital acima dos níveis mínimos exigidos através de uma combinação de melhoria da rendibilidade operacional e iniciativas de otimização de capital, como a gestão de ativos ponderados pelo risco (incluindo securitizações)”.
(Artigo atualizado com mais informações)
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