Ramalho despede-se do Novobanco com subida de 94% nos lucros no primeiro semestre

No último dia de António Ramalho como CEO, antes de passar o cargo ao irlandês Mark Bourke, o Novobanco anuncia um resultado positivo de 266,7 milhões de euros relativo ao primeiro semestre deste ano.

Os lucros do Novobanco aumentaram 94% nos primeiros seis meses deste ano, face a igual período do ano passado. De acordo com a informação enviada à CMVM, a instituição que passa a ser liderada pelo irlandês Mark Bourke – entrou em 2019 para o lugar de administrador financeiro e é um nome forte do acionista Lone Star – apresentou um resultado positivo de 266,7 milhões de euros, que compara com 137,7 milhões de euros na primeira metade do ano passado.

As contas semestrais são apresentadas no dia em que António Ramalho deixa de ser presidente executivo, ao fim de seis anos a colecionar polémicas, muitas disputas com o Governo, Parlamento e regulador, além de sete mil milhões de euros de prejuízos. Deixa um banco (finalmente) a dar lucros e depois de uma profunda limpeza que ainda hoje, oito anos após a resolução do BES, tenta fazer esquecer um legado problemático e tóxico da era Ricardo Salgado.

2021 já tinha marcado o virar de página para o Novobanco, depois de milhões e milhões de euros de prejuízos. No ano passado, a instituição financeira registou um lucro de 184,5 milhões de euros. Ainda assim, uma gota no oceano de perdas acumuladas desde a resolução do BES. Depois desse primeiro resultado positivo em 2021, somara um lucro de 140 milhões no primeiro trimestre deste ano, tendo mantido a tendência de crescimento nos três meses até junho.

“Os resultados confirmam o momentum do Novobanco e o modelo de negócio acretivo, combinado com medidas específicas de geração de capital. O Novobanco demonstra criação de valor para todos os seus stakeholders, com o progresso efetuado nos últimos anos refletido no upgrade de dois níveis pela Moodys. O banco está bem posicionado para continuar a crescer e competir no mercado português”, destaca António Ramalho.

No comunicado divulgado esta tarde, a instituição financeira atribui esta performance, que corresponde à quase duplicação dos resultados em termos homólogos e os mais volumosos da banca privada até junho, ao “sólido desempenho do negócio com incremento da rentabilidade, apesar do atual contexto macroeconómico caracterizado por pressões inflacionistas e consequente volatilidade das taxas de juro”. A evolução, detalha, “justifica-se pela melhoria do produto bancário (+82,4 milhões) e pelo menor nível de imparidades e provisões (-77,8%; -69,4 milhões).

A margem financeira foi de 1,3% e totalizou 268 milhões de euros (-7,3% face o homólogo), refletindo a evolução estável da taxa média do crédito a clientes e o efeito das emissões de dívida sénior no último trimestre de 2021 e das taxas de juro negativas nas aplicações do mercado monetário. Já o crédito a clientes ascendeu, em termos líquidos, a 24,3 mil milhões, uma subida de 2,8% face a dezembro que “confirma a trajetória de crescimento da carteira de crédito no segmento de empresas e de particulares, e um ambiente de taxas de juro favorável”.

As comissões de serviços a clientes aumentaram 6,5%, para 144,4 milhões. Já o aumento dos custos em 4,6 milhões no mesmo período, apesar da redução dos custos com pessoal, resultou do aumento dos “gastos gerais e administrativos” que, alega o banco, suportam o investimento na melhoria dos processos operativos e de negócio, necessário para executar com sucesso o programa estratégico.

“Em suma, o Novobanco continua a aumentar a sua rentabilidade atingindo um RoTE anualizado (antes de impostos) de 11% (vs. 10,2% no 1T22), apresentando no semestre um resultado ajustado (antes de impostos) de 160,2 milhões de euros, prova da sustentabilidade da sua trajetória”, resume.

O rácio de créditos não produtivos (NPL na sigla inglesa) é agora de 5,4% (abaixo dos 5,7% de dezembro de 2021 e dos 7,3% do final do primeiro semestre do ano passado), “com o rácio de cobertura de 73%, em linha com a estratégia de de-risking e aproximando-se do rácio médio dos peers europeus”.

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