Bruxelas pondera gasoduto entre Península Ibérica e Europa por Itália
Face aos obstáculos levantados por França, o gasoduto através do qual se quer a ligar a Península Ibérica à restante Europa poderá encontrar uma porta de entrada em Itália.
O primeiro-ministro avançou que estão a ser estudadas alternativas para avançar com o gasoduto que ligará a Península Ibérica à restante Europa, indicando que os pares europeus podem encontrar em Portugal e Espanha um “enorme potencial de fornecimento de energia”. No curto prazo, sublinha o papel de Sines para a distribuição de gás pela Europa, que também terá promovido junto da Comissão Europeia (CE).
“A Comissão Europeia já colocou em cima da mesa a possibilidade de, se não for possível ultrapassar o bloqueio com França, que o pipeline [gasoduto] possa ter uma ligação direta de Espanha para Itália, de forma a chegar ao centro da Europa por via da Itália. Há trabalhos técnicos nesse sentido”, indicou António Costa, em declarações aos jornalistas esta sexta-feira, transmitidas pela RTP3. O chanceler alemão, Olaf Scholz, defendeu esta quinta-feira a construção de um gasoduto em Portugal e Espanha, para ligar a Península Ibérica à Europa central, através de França, a fim de libertar a Europa da dependência energética da Rússia.
O líder socialista relembrou que a interligação entre a Península ibérica e a Europa é “uma ambição antiga”, acordada pelo menos desde 2014, e que “tanto Portugal como Espanha têm insistido como é absolutamente prioritária a construção deste gasoduto”. No entanto, as referidas interconexões têm-se confrontado com uma dificuldade, as implicações ambientais que França tem invocado na bacia dos Pirinéus. Também deste lado ainda há dúvidas sobre o traçado e respetivos impactos ambientais na bacia do Douro.
No entanto, sublinha o primeiro-ministro, o interesse nesta construção é grande, nomeadamente da parte dos países com maior dependência da Rússia, como a Alemanha, Polónia ou Hungria. A própria Comissão Europeia, a propósito da apresentação do programa RepowerEU, afirmou que esta infraestrutura era “completamente prioritária e passível de financiamento por parte da UE“, diz Costa.
“Finalmente a Europa ganhou consciência que tem de ser autónoma, face à Rússia, do ponto de vista energético, e nessa autonomia, a Península Ibérica, designadamente Portugal, tem um papel extraordinário que pode desempenhar: no futuro com a produção dos próprios gases, como hidrogénio verde, e, para já, com a plataforma logística [de Sines] para transmissão de gás natural produzido noutros países”, vaticinou.
Assumindo que o gasoduto “não ficará construído amanhã”, Costa afirma já ter estudado e apresentado aos governos alemão, polaco e à Comissão Europeia “a oportunidade de utilização do nosso porto de Sines como plataforma logística que acelere a distribuição de gás natural por via marítima para portos do norte e centro da Europa”. Sines, aponta o primeiro-ministro, é um porto de águas profundas, com capacidade de acolher grandes metaneiros, e que permitirá desta forma a transferência de gás de metaneiros de grande dimensão para outros de dimensão mais pequena ou média, os quais agilizarão a distribuição de gás pela Europa.
Espanha, por seu turno garante que uma ligação nos Pirenéus pode estar pronta em menos de um ano se França quiser. “A interconexão pelos Pirenéus catalães pode estar operacional em oito ou nove meses do lado da fronteira sul. Por isso, é fundamental avançar de mão dada com França”, disse esta sexta-feira a a ministra com a pasta da Energia no Governo espanhol, Teresa Ribera.
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