Oito anos depois, Sporting conclui parte da reestruturação da dívida da banca

SAD acabou de converter a dívida comprada ao BCP através de dois aumentos de capital de 83,6 milhões, que permitem ao Sporting tornar-se no maior acionista. Falta acordo com o Novobanco.

Oito anos depois, o Sporting concluiu agora uma parte da reestruturação da dívida da banca de cerca de 240 milhões de euros. Os leões acabaram de converter as obrigações compradas ao BCP em capital da SAD por via de dois aumentos de capital no valor global de 83,6 milhões de euros realizados na semana passada. Com estas duas operações, o clube assegura a maioria das ações na sociedade. E isto enquanto ainda procura um entendimento com o Novobanco para fechar de vez o processo de reestruturação financeira assinado em 2014.

Em março, o Sporting anunciou um acordo com o BCP para comprar os valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC) no valor de 83,7 milhões de euros por apenas 14 milhões, o que significou, na prática, um perdão na ordem dos 83% – acima dos 70% que foram acordados há três anos.

Na altura, a instituição financeira justificou o negócio com o facto de ser o que “minimiza” as suas perdas e que permite sair definitivamente do mundo do futebol. É que, além dos VMOC, o banco liderado por Miguel Maya também vendeu uma dívida de 40 milhões, tudo através de um processo de venda internacional organizado por um banco internacional, que incluía também a dívida de quase 120 milhões do Novobanco, como o ECO avançou.

Entretanto, há cerca de um mês, as duas assembleias gerais de obrigacionistas da SAD leonina deram luz verde à operação de recompra das 83,6 milhões de VMOC que tinham o valor de um euro cada por apenas 17 cêntimos. Mas faltava ainda um passo para concluir esta operação: a conversão dos VMOC em capital da SAD. Foi o que aconteceu na semana passada, quando a SAD leonina concretizou dois aumentos de capital por conversão dos títulos de dívida no valor de 27,57 milhões e 56 milhões de euros, com a sociedade a ficar agora com um capital total de 150,6 milhões – mais do dobro do que tinha antes desta operação. A conversão dos VMOC foi comunicada esta quinta-feira ao mercado.

Sobrinho e Oliveira com participações diluídas

Com a conversão dos VMOC, as participações de Álvaro Sobrinho (29,851%) e Joaquim Oliveira (3,186%) na SAD leonina foram diluídas, enquanto o Sporting reforçou a sua posição. Como ficou a estrutura acionista após o aumento de capital?

O dono da Holdimo e ex-presidente do BES Angola passou a deter uma participação de 13,283% e a Olivedesportos tem agora 1,418% do capital da sociedade. Já os leões são donos 83,895% da SAD.

O ECO contactou o Sporting sobre este processo, mas não obteve uma resposta até à publicação deste artigo.

O acordo da reestruturação financeira com o BCP e Novobanco foi anunciado em 2014, com Bruno de Carvalho na liderança do clube de Alvalade. Os termos do contrato foram posteriormente modificados em 2019, incluindo um “haircut” de 70% no valor dos VMOC, já com Frederico Varandas como líder leonino.

Acordo com Novobanco?

Se foi possível fechar um acordo com o BCP para resolver a dívida de 122 milhões, com o apoio do fundo Apollo, Varandas e a sua equipa não conseguiram um entendimento com o Novobanco em relação a outra dívida de cerca de 118 milhões de euros, dos quais 45 milhões dizem respeito a VMOC.

Porque é que o Novobanco não aceitou as condições da proposta do Sporting? Nada foi dito oficialmente por nenhuma das partes. Mas o facto de o clube se apresentar hoje em dia em melhor posição desportiva e financeira terá sido uma das razões para que o banco então liderado por António Ramalho tivesse recusado a oferta dos leões que, se fosse igual à do BCP, implicaria um perdão acima dos 70% que tinha sido acordado em 2019.

Desde então, o Sporting já se sagrou campeão nacional na temporada 2020-2021, e participa pelo segundo ano seguido na milionária Liga dos Campeões, depois de ter terminado a época passada em segundo lugar. Além disso, os leões têm realizado encaixes importantes com a venda de jogadores – acabou de transferir Palhinha para o Fulham por 20 milhões e de anunciar a venda de Matheus Nunes para o Wolverhampton por 45 milhões de euros (mais cinco milhões por objetivos).

Neste cenário, o Novobanco procurará uma melhor opção para o destino a dar à exposição aos leões. O banco também não respondeu às questões do ECO até à publicação do artigo.

Recorde-se que os dois bancos tinham contratado no ano passado a Rothschild para vender as dívidas do Sporting. O processo competitivo chegou a atrair vários interessados, incluindo o Bank of America, o fundo Carlyle e da RedBird Capital, este último acionista da Fenway Sports, fundo que detém o clube inglês Liverpool, com o Sporting a ganhar a corrida.

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