Alemanha só terá gás suficiente para três meses se Rússia cortar abastecimento
Mesmo que o país consiga atingir as metas de armazenamento, a entidade reguladora alerta que poderá não ter gás suficiente para enfrentar o inverno caso a Rússia corte o fornecimento por completo.
Mesmo com as reservas cheias, a Alemanha terá dificuldades em garantir gás natural suficiente para enfrentar o inverno se a Rússia cortar por completo o fornecimento através do Nord Stream.
De acordo com o presidente da entidade reguladora de energia do país, Klaus Mueller, mesmo com as reservas de gás a atingirem os 95% (objetivo do Governo de Olaf Sholtz), isso só cobriria cerca de dois meses e meio de procura para aquecimento, indústria e energia se a Rússia cortar completamente os fornecimentos. De momento, as reservas estão 77% preenchidas — duas semanas antes do previsto. “Estamos um pouco mais rápidos do que costumávamos ser em termos de preenchimento de armazenamento, mas não é um sinal de que podemos relaxar”, cita a Bloomberg. “Em vez disso, deve ser entendido como um empurrão. Vamos continuar”, diz Mueller em entrevista.
A Alemanha é o país do bloco europeu que mais depende do gás russo e, numa altura em que a empresa estatal Gazprom envia fluxos reduzidos de gás através do principal gasoduto, Nord Stream, os receios de um inverno difícil tornam-se cada vez mais reais. A conjuntura obrigou a Comissão Europeia a tomar medidas excecionais, tendo a presidente do executivo comunitário apelado aos restantes Estados-membros que adotassem medidas de poupança energética de modo a reduzir o consumo de gás em 15% para que fossem garantidas reservas para o inverno. Na Alemanha, apelou-se a um menor consumo, ao racionamento e esta semana foi lançado um imposto sobre a utilização de gás, isto enquanto se estuda a possibilidade da reativação das centrais nucleares do país.
E mesmo essas medidas, podem não ser suficientes para atingir as metas. “Não posso prometer que todas as instalações de armazenamento na Alemanha estarão 95% cheias em novembro, mesmo em boas condições de oferta e procura”, disse Mueller. “Na melhor das hipóteses, três quartos deles irão atingir o objetivo“, acrescentou.
Atualmente, os fluxos de gás russo através do Nord Stream correm a 20% da capacidade, provocando repetidos avisos do governo alemão de que o fornecimento pode ser cortado completamente a qualquer momento.
Uniper com prejuízos de 12,3 mil milhões de euros no primeiro semestre
A energética alemã resgatada pelo governo de Olaf Sholtz no mês passado, registou prejuízos de 12,3 mil milhões de euros no primeiro semestre, alertando que só seria possível recuperar dos danos provocados pela guerra na Ucrânia, em 2024
A Uniper, maior importadora de gás russo da Alemanha, beneficiou de um resgate estatal de 15 mil milhões de euros em julho depois de Moscovo ter reduzido drasticamente os fluxos, forçando a empresa a comprar gás no mercado spot (diário) e a preços muito mais altos. O resgate revelou a dependência da Alemanha das importações de gás da Rússia, que representaram cerca de 55% do total no ano passado.
“A Uniper tem, há meses, desempenhado um papel crucial na estabilização do fornecimento de gás da Alemanha — ao custo de milhares de milhões em perdas resultantes da queda acentuada das entregas de gás da Rússia”, cita a Reuters as declarações do presidente-executivo Klaus-Dieter Maubach.
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