Confiança dos consumidores na área euro em mínimos de 1985
Além de a confiança dos consumidores estar em mínimos de 37 anos, também o indicador de sentimento económico da área euro registou, em julho, "uma redução mais intensa que nos 3 meses anteriores".
A confiança dos consumidores da área do euro registou, em julho, o valor mais baixo desde 1985, isto é, em 37 anos, avançou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Além disso, verificou-se também um agravamento dos níveis de confiança em todos os setores de atividade, incluindo a indústria, comércio a retalho e serviços e ainda que “de forma mais ténue, na construção”.
Segundo os dados divulgados, a confiança dos consumidores da área euro está nos -27, isto, o valor mais baixo registado desde o início da série, iniciada em janeiro de 1985.
Evolução do sentimento económico e confiança dos consumidores na área euro
A tendência é igualmente observada no indicador de confiança dos consumidores na União Europeia (UE), que em julho atingiu os -27,3, valor que contrasta com os -24,3 registados no mês anterior e também um mínimo desde janeiro de 1985.
Quanto a Portugal, “o indicador de confiança dos consumidores aumentou em julho, após ter diminuído no mês anterior, mantendo-se num patamar relativamente estável desde a queda abrupta registada em março, a segunda mais intensa da série, só superada pela de abril de 2020 no início da pandemia”, adianta ainda o gabinete de estatísticas.
Além de a confiança dos consumidores na zona euro estar em mínimos de 37 anos, também o indicador de sentimento económico da área euro “apresentou, em julho, uma redução mais intensa que nos três meses anteriores”. Estas não são boas notícias para Portugal, nomeadamente para as empresas que querem exportar os seus produtos. “Em julho, o saldo das opiniões dos empresários da indústria transformadora dos principais países clientes [de Portugal], sobre a evolução da respetiva carteira de encomendas, retomou o movimento descendente iniciado em março, após ter sido interrompido em junho”, nota o INE.
De acordo com os dados divulgados, o indicador relativo à carteira de encomendas da indústria transformadora dos principais países para os quais Portugal exporta, passou de 7,8 em junho para 2 em julho. Já o indicador de confiança neste setor passou de -3,6 em junho para -4,5 no mês precedente. A redução do índice de confiança é igualmente sentida nos serviços (passou de 22,7 em junho 16,1 em julho) e no comércio (passou de 3,1 em junho para 2,3 em julho). Em contrapartida, o indicador de confiança na construção e obras públicas aumentou.
Por outro lado, o INE sublinha ainda que “o aumento mais expressivo dos preços implícitos das importações de bens comparativamente às exportações (variações de 26% contra 18,6% em junho)” tem-se traduzido numa perda dos termos de troca, “que se têm agravado nos últimos meses devido sobretudo aos preços dos bens energéticos, contribuindo para a deterioração do saldo externo de bens”.
Recorde-se que a invasão russa à Ucrânia veio acelerar ainda mais a subida de preços da energia. Em conjunto com os preços altos das matérias-primas e a seca, a conjuntura tem vindo a passar a fatura às famílias, pelo que os governos têm avançado com novos pacotes de ajuda de milhares de milhões de euros, sendo que em Portugal há um pacote prometido para setembro cujos detalhes são ainda desconhecidos.
Ainda assim, num outro destaque divulgado pelo gabinete de estatísticas, tanto os consumidores como os empresários antecipam um alívio na inflação, tendo em conta a subida das taxas de juro e as medidas tomadas pelos governos.
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