Das rendas à manutenção do elevador, estes preços podem disparar com escalada da inflação

Gás mais caro já em outubro. Também a água vai encarecer. Próximo ano poderá trazer mais aumentos. Há muitos serviços cujos preços estão indexados à inflação, como rendas e contratos de manutenção.

EDP e Galp já anunciaram aumentos no preço do gás e o Governo também já recomendou aos municípios agravarem as tarifas da água face à situação da seca. O ano de 2022 não tem sido amigo das famílias, com a subida acentuada dos preços a pressionar fortemente as carteiras. Mas as más notícias poderão não ficar por aqui. O próximo ano poderá trazer um novo aperto no nosso bolso, pois há uma série de serviços cujos preços são atualizados automaticamente tendo por base a taxa da inflação do ano anterior. É o exemplo das rendas e das portagens. Mas há mais: telecomunicações, transportes públicos, contratos de manutenção (como dos elevadores) ou pensões de alimentos também poderão agravar-se.

Rendas das casas e lojas podem subir quase 5%

Só no próximo mês o Instituto Nacional de Estatística (INE) irá revelar o coeficiente de atualização das rendas das casas e do comércio no próximo ano, mais concretamente quando divulgar, no próximo dia 12 de setembro, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) até agosto.

Ainda assim, os dados da inflação até julho permitem antecipar um forte agravamento das rendas: a variação média do IPC nos últimos 12 meses, excluindo a habitação, fixou-se em 4,79%. Historicamente, a evolução dos preços neste oitavo mês do ano tende a não provocar grandes alterações à média dos 12 meses anteriores.

Ou seja, os senhorios poderão aumentar as rendas em cerca de 5% em janeiro, o que representa um aumento mensal entre 10 euros e 32,50 euros no valor das rendas, de acordo com as contas do ECO.

Este cenário tem suscitado a preocupação do Governo. Há já propostas dos partidos para limitar a subida das rendas no próximo ano.

Portagens terão subida “com significado”

Também é com base no IPC, excluindo os preços da habitação, que as concessionárias de autoestradas atualizam as taxas das portagens. Neste caso, temos de esperar um pouco mais para saber qual o aumento que os automobilistas devem esperar no próximo ano pela utilização das autoestradas (aquelas que são pagas) ou das pontes sobre o Tejo e Vasco da Gama. Será tido em conta o valor da inflação registada em outubro e que o INE divulgará no mês seguinte.

Conhecida essa taxa, as concessionárias irão formular as propostas de atualização dos preços das portagens ao Governo, que tem de dar o seu parecer.

A Brisa, a principal concessionária em Portugal, já alertou que o aumento das portagens no próximo ano deverá ser “significativo” e conta com a disponibilidade do Estado para aliviar o impacto no bolso dos condutores. As portagens deverão aumentar e com algum significado no próximo ano, a não ser que o Estado mostre abertura para encontrar mecanismos que compense a Brisa desse aumento e o possa diluir no tempo, ou incluí-lo no grupo de trabalho de renegociação da concessão”, disse Pires de Lima em entrevista ao Jornal de Negócios.

Transportes públicos também podem subir

Cabe à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes divulgar a taxa de atualização tarifária para o transporte público de passageiros. Esta taxa tem como valor máximo a taxa de variação média do IPC, exceto habitação, nos 12 meses que decorrem entre outubro.

Operadoras afastam para já aumentos nas telecomunicações

Na Meo, cerca de 75% dos clientes arriscam-se a sofrer aumentos nos preços das telecomunicações, tendo em conta que têm contratos com a operadora cujos preços estão indexados à inflação. Ainda assim, fonte oficial da Altice Portugal disse ao ECO em maio: “O contexto da inflação está a ser monitorizado pela equipa de gestão da Altice Portugal com o objetivo de mitigar efeitos na estrutura e na operação”. “De momento, não há qualquer plano para a alteração de preços”, adiantou.

Na mesma ocasião, a Vodafone disse estar “a fazer um esforço para que isto [escalada da inflação] não se reflita nos preços — que, em Portugal, são dos mais baixos a nível europeu”. Todavia, acrescentou: “Mas não podemos comprometer-nos”.

A Nos partilhou uma mensagem idêntica: “Estamos a acompanhar de perto a situação e, apesar do impacto que o conflito está a ter nas cadeias de valor e custos de produção. De momento, não estão previstas atualizações”.

Elevador.Rawpixel

Manter elevadores também vai sair mais caro

Tudo que sejam contratos de manutenção também estão geralmente ligados à evolução da taxa de inflação. O elevador do prédio ou da casa é um dos casos mais evidentes: chamar o técnico para a inspeção periódica vai encarecer.

É desta forma que procedem empresas como a Schindler, que disponibiliza no seu site um exemplo de contrato e onde especifica que “o preço será revisto anualmente, tendo em consideração os índices de preços e inflação publicados pelo INE”, sem prejuízo de acréscimos relacionados com “o preço das matérias-primas, combustíveis, equipamentos e mão-de-obra que influenciem o custo do serviço”.

O mesmo servirá para escadas ou tapetes rolantes ou portas automáticas, por exemplo.

Pensão de alimentos pode disparar 9%

A lei determina que, em caso de separação, quem não tem a guarda da criança ou jovem passa a ter a obrigação de pagar uma pensão de alimentos, contribuindo financeiramente com tudo “o que é indispensável ao sustento, habitação e vestuário” e também “instrução e educação” do filho.

Também prevê a atualização anual da prestação em função da taxa de inflação verificada no ano anterior. Foi o que aconteceu no início deste ano. O INE confirmou em janeiro que o IPC registou uma variação média anual de 1,3% em 2021, e foi com base nesta taxa que a pensão de alimentos foi ajustada.

Tendo em conta os valores da inflação registados até julho, a pensão de alimentados poderá disparar 9,1%.

(Notícia atualiza às 11h57 de 25 de agosto com aumentos nos preços do gás e das tarifas da água)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Das rendas à manutenção do elevador, estes preços podem disparar com escalada da inflação

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião