Economia portuguesa acumula défice externo de 3,215 mil milhões até junho
Desde a primeira metade de 2011, antes do empréstimo da troika, que Portugal não acumulava um défice externo tão elevado.
Portugal registou um défice externo de 3.215 milhões de euros até junho, o mais elevado do primeiro semestre desde 2011, que compara com um défice de 721 milhões em igual período de 2021, divulgou nesta sexta-feira o Banco de Portugal (BdP).
Segundo o BdP, no mês de junho de 2022, a balança corrente e de capital atingiu um excedente de 526 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 271 milhões de euros relativamente ao mesmo período de 2021.
“Esta subida do excedente da balança corrente e de capital deveu-se ao acréscimo dos excedentes das balanças de serviços, de rendimento primário e de capital, que foram parcialmente contrabalançados pelo crescimento do défice da balança de bens e pela redução do excedente da balança de rendimento secundário”, apontou o BdP.
O aumento do défice da balança de bens, para 2.119 milhões de euros, reflete um crescimento das importações superior ao das exportações em relação a junho de 2021, de 40,6% e 36,4%, respetivamente.
No que se refere às exportações e às importações de serviços, aumentaram, respetivamente, 76,5% e 44,8% relativamente a junho de 2021, tendo contribuído para esta evolução, “em particular, as rubricas de viagens e turismo, de outros serviços fornecidos por empresas e de transporte aéreo”, referiu o regulador da banca.
As exportações e as importações de viagens e turismo cresceram, em termos homólogos, respetivamente 163,7% e 74,4%, permitindo que o excedente desta rubrica aumentasse 898 milhões de euros, para 1.280 milhões de euros.
Em junho, o excedente da balança de rendimento primário subiu 70 milhões de euros, em termos homólogos, “refletindo um aumento dos recebimentos, por parte de investidores portugueses, de rendimentos de investimento de entidades não residentes, nomeadamente sob a forma de dividendos”.
Quanto ao excedente da balança de rendimento secundário, reduziu-se em 114 milhões de euros, “sobretudo devido à diminuição de fundos europeus atribuídos aos beneficiários finais”.
Já o excedente da balança de capital aumentou 56 milhões de euros, “impulsionado, em grande medida, pelo crescimento das vendas de licenças de carbono”.
No acumulado até junho, em termos homólogos, o défice da balança de bens aumentou, já que as importações cresceram mais do que as exportações (35,6% e 22,8%, respetivamente).
O excedente da balança de serviços subiu, “influenciado, sobretudo, pelo crescimento da rubrica de viagens e turismo”.
Nos primeiros seis meses do ano, segundo o BdP, “a menor atribuição de fundos europeus aos beneficiários finais determinou a redução do excedente do rendimento secundário e da balança de capital”.
Em junho de 2022, o saldo da balança financeira foi de -2.200 milhões de euros, resultante de um aumento dos passivos perante o exterior (4.300 milhões de euros) superior ao aumento dos ativos (2.100 milhões de euros).
Quanto aos passivos, o saldo deveu-se sobretudo a aumentos relacionados com o investimento de não residentes em dívida pública portuguesa e em títulos de dívida emitidos por sociedades não financeiras, a aumentos do investimento direto do exterior em Portugal, com destaque para o investimento imobiliário, e a reduções dos passivos do Banco de Portugal junto do Eurosistema.
Já os ativos aumentaram maioritariamente por via dos investimentos realizados por bancos e sociedades de seguros em dívida titulada de longo prazo emitida por entidades não residentes.
As estatísticas da balança de pagamentos serão atualizadas pelo BdP em 20 de setembro.
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