Euribor a seis meses supera 1% pela primeira vez em mais de dez anos

Prestação da casa vai agravando à medida que as taxas Euribor vão subindo, dia após dia. A taxa a seis meses estava em terreno negativo em junho e acaba de superar a barreira de 1%.

Ainda há três meses estava em terreno negativo, mas acaba de superar a barreira dos 1%, pela primeira vez em mais de dez anos. A Euribor a seis meses, o indexante mais usado pelas famílias em Portugal nos empréstimos da casa, continua em forte alta, tendo atingido esta segunda-feira os 1,077%, refletindo a subida galopante da inflação e o aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE).

Em termos práticos, o aumento das Euribor traduz-se num agravamento da prestação mensal da casa paga ao banco, algo que milhares de famílias já vêm assistindo nos últimos meses, enquanto sentem a pressão do aumento do custo de vida quando a taxa de inflação está acima dos 9%, um máximo de 1992.

Face à espiral de subida dos preços, agravada pela crise energética, desde o início do ano que o mercado foi antecipando um aumento das taxas de juro de referência do BCE, o que só veio a acontecer em julho: aumentou as suas taxas em 50 pontos base, na primeira subida em 11 anos, acabando com os juros negativos na região.

O conselho de governadores reúne-se no próximo dia 8 de setembro e deverá anunciar uma nova subida para controlar a inflação que está em máximos de décadas. As últimas declarações dos responsáveis do BCE deixam antever um banco central agressivo. Falando em Jackson Hole, Isabel Schnabel afirmou que os bancos centrais correm o risco de perderem a credibilidade e devem agir com força para combater a inflação, mesmo que custe uma recessão. “Mesmo que entremos em recessão, temos poucas alternativas senão continuar o caminho da normalização”, disse a membro da comissão executiva do BCE. À margem do evento, Martins Kazaks, presidente do banco central da Letónia, disse que o BCE deveria “estar aberto a discutir quer os 50 quer os 75 pontos base como possíveis movimentos”.

Euribor a 6 meses em máximos de dez anos

Fonte: Reuters

Quem tem crédito à habitação com taxa variável está mais exposto aos ventos que sopram nos mercados e em Frankfurt. Essa é a maioria dos casos em Portugal, onde 90% dos contratos têm taxa variável. Por seu turno, a Euribor com o prazo a seis meses é o indexante mais usado pelas famílias, estando associado a mais de 40% dos contratos.

À boleia dos juros baixos do BCE, que tentava animar a economia e evitar um cenário de deflação, a Euribor a seis meses esteve a negociar com valores negativos nos últimos sete anos, permitindo às famílias acelerar as amortizações do crédito à banca, e só em junho regressou “à tona”.

O cenário de inversão também se verificou nos outros prazos. A Euribor a 12 meses, que tem conquistado a preferência dos portugueses nos últimos anos, regressou a terreno positivo em abril e avançou esta segunda-feira para os 1,612%. Já a Euribor a três meses saltou para positivo no mês passado e está agora nos 0,542%.

O aumento das taxas Euribor durante agosto significará um novo agravamento da prestação da casa no próximo mês. É isso que já tem vindo a acontecer nos últimos meses. E foi o que aconteceu neste mês de agosto: os contratos que foram revistos este mês tiveram aumentos até 23%.

A Euribor é a taxa de referência baseada na média dos juros praticados por um conjunto de 52 bancos da Zona Euro, nos empréstimos que fazem entre si no chamado mercado interbancário, num determinado prazo (uma semana, um mês, três meses seis meses e 12 meses).

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