Elisa Ferreira: “Não há laxismo ou esquecimento, estamos atentos” à banca
Elisa Ferreira escusou-se a comentar o caso específico da Associação Mutualista Montepio, mas diz que "não há laxismo ou esquecimento" por parte do supervisor.
Elisa Ferreira, administradora do Banco de Portugal, frisou hoje que “não há laxismo ou esquecimento” e que o supervisor está atento a todas as instituições financeiras portuguesas, escusando-se a comentar o caso específico da Associação Mutualista Montepio.
“Não há aqui qualquer tipo de laxismo ou esquecimento, estamos atentos, estamos a acompanhar todas as instituições portuguesas, de acordo com o quadro legal que existe”, disse Elisa Ferreira, quando questionada sobre se está preocupada com a situação da Associação Mutualista Montepio Geral, depois de na terça-feira o Público ter divulgado que a instituição tinha, no fim de 2015, capitais próprios negativos de 107,53 milhões de euros.
Isto significa um passivo (valor que deve) superior ao ativo (valor que possui), situação que configura ‘falência técnica’ do ponto de vista contabilístico.
Já hoje na sua edição ‘online’, o Jornal de Negócios dá conta de que “o próprio governador [do BdP, Carlos Costa] tomou a iniciativa de contactar o ministro do Trabalho”, Vieira da Silva, “estando as duas entidades neste momento a acompanhar de perto a situação do banco e da associação mutualista que o detém, cuja supervisão é feita pelo Governo”.
"Acompanhamos todas as instituições portuguesas, de acordo com as nossas competências, em todo o detalhe, e naturalmente que não vou partilhar externamente, porque esse excesso de transparência é completamente contrário ao exercício de supervisão.”
Os jornalistas questionaram então hoje de manhã Elisa Ferreira, à margem da conferência sobre ‘O Cooperativismo Financeiro’, organizada pelo Crédito Agrícola, sobre a situação.
“Não me vou pronunciar sobre nenhuma instituição em particular, espero eu, nunca, porque isso é completamente contraditório com a função de supervisão. Acompanhamos todas as instituições portuguesas, de acordo com as nossas competências, em todo o detalhe, e naturalmente que não vou partilhar externamente, porque esse excesso de transparência é completamente contrário ao exercício de supervisão”, disse.
Elisa Ferreira entende que “tem de haver um contacto e uma confiança muito grandes” entre o supervisor e o superviosionado e que a função de supervisão “requer que se faça um diálogo” entre os dois, mas salvaguardou que “se esse diálogo é feito na praça pública, ele deixa de ter eficácia”.
Na terça-feira, em conferência de imprensa, o presidente da Associação Mutualista, Tomás Correia, lamentou a notícia relativa à existência dos capitais próprios negativos de 107,53 milhões de euros e garantiu que não há risco de falência da associação.
A Associação Mutualista Montepio Geral também divulgou na terça-feira que obteve lucros de 7,4 milhões de euros em 2016, contra o prejuízo de 393,1 milhões de euros registados em 2015.
A instituição é liderada por Tomás Correia, que durante anos acumulou a liderança da Caixa Económica, da qual saiu no verão de 2015, quando o Banco de Portugal (BdP) forçou a separação da gestão. Já o banco mutualista é desde então presidido por Félix Morgado e é conhecido que a relação entre os dois responsáveis não tem sido fácil.
Esta semana, o ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, já veio dizer que acredita que a Associação Mutualista Montepio Geral “vai continuar” a desenvolver “com eficácia e competência” as suas responsabilidades e não vê razão para duvidar das afirmações da direção da associação.
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