Novobanco está a perder 29 milhões com dívida russa
Banco tinha uma exposição de 43 milhões a empresas russas no final de 2021. Guerra obrigou a desvalorizar os títulos de dívida para 14,1 milhões, traduzindo-se numa perda potencial de 29 milhões.
O Novobanco registou uma desvalorização de 29 milhões de euros com a sua exposição à dívida de empresas russas, na sequência da guerra na Ucrânia iniciada há seis meses, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.
A instituição tinha uma exposição de 48 milhões à Rússia no final de 2021, dos quais 43 milhões relativos a obrigações de empresas russas (incluindo da companhia de gás estatal Gazprom) e cinco milhões de crédito a clientes. Entretanto, com o início da guerra na Ucrânia, os títulos de dívida passaram a valer 14,1 milhões de euros, segundo informa no relatório e contas do primeiro semestre.
O ECO sabe que o banco não se desfez de qualquer título russo neste período e que a desvalorização daquela exposição em 28,9 milhões de euros foi registada, em parte, por via da constituição de imparidades, sendo que outra parte foi já contabilizada nos resultados de mercado semestrais. O ECO questionou o Novobanco sobre a redução da exposição à Rússia, mas não quis comentar.
O Observador (acesso pago) contou em fevereiro que o banco tentou vender a dívida da Gazprom, mas acabou por não encontrar um comprador, pelo menos em condições que considerasse satisfatórias.
Além da Rússia, o Novobanco também tem exposições pequenas à Bielorrússia (crédito de 148 mil euros) e Ucrânia (978 mil euros), tudo somando cerca de 20,74 milhões de euros (eram 49,3 milhões no final do ano passado.
Grupo Montepio assume perda de 15,6 milhões
O Novobanco não é a única instituição a registar impactos da guerra. Como o ECO avançou, também o grupo Montepio registou uma perda de cerca de 15,6 milhões de euros com a exposição a duas empresas russas, uma de gás e outra metalomecânica, através da área seguradora. A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) disse esperar recuperar pelo menos uma parte daqueles prejuízos. Também o Banco Montepio tinha uma exposição de 40 mil euros no final do ano passado.
Já a Caixa Geral de Depósitos (CGD) está exposta à Rússia em cerca de quatro milhões de euros e à Ucrânia em um milhão de euros. O banco público adianta que “estes valores dizem respeito, na sua maioria, a crédito hipotecário concedido pela Caixa a cidadãos russos e ucranianos a residir em Portugal e cujo colateral se situa igualmente em Portugal”. Revela ainda que tem uma exposição a empresas não financeiras que se refere “a uma transação de factoring numa exportação de um cliente português e encontra-se parcialmente coberta por seguro”.
Quanto ao BCP, sem revelar valores, o CEO Miguel Maya afirmou que a instituição tinha “uma exposição absolutamente imaterial quer a partir de Portugal quer a partir das operações estrangeiras”, incluindo o polaco Bank Millennium, em dívida de empresas russas, pelo que, “do ponto de vista de risco de crédito, não há qualquer motivo para preocupação”.
Apesar da reduzida exposição direta à Rússia, o regulador da banca alertou para os impactos de segunda e terceira ordem do conflito no leste da Europa no setor bancário, como o aumento dos preços e a travagem da economia a colocarem as empresas e famílias sob maior pressão.
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