Oil&Gas: Renovar a carreira profissional

  • Pedro Prata
  • 19 Setembro 2022

A mão de obra qualificada no setor de oil & gas é valiosa, escassa e altamente especializada. Os profissionais que se encontram em território nacional podem vir a não ser suficientes.

O setor energético em Portugal tem gradualmente vindo a desenvolver-se com o passar dos anos, posicionando-se cada vez mais como um dos países do mundo que mais recorre às energias renováveis. A base deste desenvolvimento prende-se ao significativo aumento de organizações que decidem investir em Portugal na abertura de novas operações, ou ainda, no investimento em novas áreas de negócio, sendo, para esse fim, o potencial do mercado fortemente analisado, bem como, a qualidade de recursos humanos disponíveis para fazer face aos seus objetivos, sendo que nunca será sacrificada a qualidade em prol de quantidade.

A mão de obra qualificada para este setor é valiosa, escassa e altamente especializada, e com base nesse prisma, os profissionais que se encontram em território nacional podem vir a não ser suficientes para dar resposta ao nível de procura que se encontra. Medidas são normalmente acionadas neste sentido, como é o caso do recrutamento de perfis recém-licenciados para formação e crescimento interno, ou ainda, a atração de talento internacional – Que, por norma, é sempre mais moroso face à disparidade salarial entre os diversos mercados.

Independentemente das dificuldades na atração e retenção de talento, com especificidades diferentes por cada um dos respetivos subsetores dentro do mercado de Energia Renovável em Portugal, existe mão de obra altamente qualificada com dificuldade em reingressar no mercado Português – nomeadamente os profissionais provenientes do setor de oil & gas.

O setor de oil & gas é complexo, altamente gratificante e apresenta ótimas mais-valias para os profissionais que o ingressam. Nos últimos 20 anos, grande parte das multinacionais têm as suas operações centralizadas maioritariamente entre os continentes africano e americano (off-shore ou on-shore) que são liderados por mão de obra nacional (respeitante aos países em que se encontram) e internacional, maioritariamente provenientes da Europa – os expatriados.

Contudo, uma questão levanta-se: Como conseguem expatriados provenientes do setor de oil & gas reingressar no mercado de trabalho no seu país de origem? São as suas skills valorizadas no mercado de trabalho? A realidade é que a Europa, incluindo Portugal dentro deste paradigma, têm efetivamente necessidade de mão de obra qualificada, com particular enfoque nas operações de energia renovável onde a energia fotovoltaica, eólica e hídrica lideram.

Contudo, na sua grande maioria, os hiring managers têm particular preferência em perfis cujas experiências sejam do mesmo setor a que pertencem, podendo, em algumas circunstâncias, descartar aqueles que não conheçam a realidade ou a essência do seu negócio.

Não é descabido, e efetivamente, em circunstâncias em que seja necessário uma apresentação de proposta do valor imediata, esta é claramente a única se não a mais sensata abordagem no recrutamento de perfis qualificados. Contudo, existe uma margem de evolução que ainda não está a ser abordada: a adaptação de perfis de oil & gas para a realidade das renováveis. Estamos perante perfis, que na sua essência, são altamente qualificados e confortáveis em situações complexas com deadlines apertados, níveis de exigência elevados e projetos técnicos desafiantes em condições, na sua maioria, adversas. Existe, nestes profissionais, uma forte capacidade de resiliência e adaptação ligada a uma expertise de base técnica, em que, com um período de transição para poderem inteirar-se sobre uma nova realidade, poderiam ser uma solução para o incremento de mão de obra qualificada nas renováveis, em Portugal e na Europa.

Efetivamente, as organizações do setor têm de conscientemente inteirar-se que numa fase inicial será irrisório o retorno versus o investimento realizado, contudo, é previsto uma grande proposta de valor sustentável para o futuro junto destes profissionais.

Making a diference takes risk.

  • Pedro Prata
  • Consultor sénior da Michael Page

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