Escassez de mão de obra no sul da Europa ameaça “boom” da construção

Portugal, Espanha, Itália e Grécia, a braços com uma força laboral que não é suficiente para satisfazer as necessidades do setor, podem assistir a atrasos ou mesmo cancelamentos de obras.

Depois de um período de abrandamento, devido à pandemia da Covid-19, o setor da construção está, novamente, a dar sinais de crescimento. Mas em Portugal, Espanha, Grécia e Itália, a braços com uma força de trabalho diminuta, poderá haver atrasos e até cancelamentos de grandes projetos de construção.

Em Itália, Angelica Donati, CEO do Donati Immobiliare Group, mostra-se expectante com o lançamento dos fundos de reestruturação do Coronavírus da União Europeia para o financiamento de infraestruturas. Contudo, a escassez de mão de obra está a ameaçar o boom. E Itália não é a única nação a braços com uma força laboral diminuta. Portugal, Espanha, Grécia enfrentam o mesmo desafio de escassez de profissionais.

“É realmente difícil encontrar mão de obra e os preços enlouqueceram. Há tanta concorrência. As empresas estão a captar trabalhadores de umas para as outras”, afirma Angelica Donati, citada pelo Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Preocupados com a falta de profissionais na Europa do sul que satisfaçam as necessidades do setor, e com a consequente pressão salarial, os consultores acreditam que as pressões no mercado de trabalho podem comprometer a eficácia do apoio da União Europeia para as infraestruturas.

“Os projetos de infraestruturas financiados pela UE, que têm um prazo específico para a sua conclusão, enfrentarão grandes desafios“, alerta Giorgos Stasinos, presidente da Technical Chamber of Greece, o corpo consultivo de engenharia do governo federal.

Os salários mais altos, exigidos por profissionais em funções especializadas, como é o caso dos soldadores, serão, provavelmente, um “fardo” para muitas iniciativas, continua o responsável. “Com o aumento dos salários, os orçamentos também terão de ser aumentados, a fim de completar os projetos a tempo”, explica Stasinos.

Em Portugal, a produção na construção aumentou 2% em maio, comparativamente ao mês homólogo, abrandando face à variação positiva de 3,7% registada em abril, segundo os mais recentes dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A desaceleração de 1,7 pontos percentuais de abril para maio no crescimento do Índice de Produção na Construção explica-se pelo abrandamento registado nos segmentos de construção de edifícios e de obras de engenharia civil.

No que toca aos índices de emprego e remunerações, estes cresceram 2,3% e de 6,5%, respetivamente, face a 2,6% e 8,7%, em abril.

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