Petróleo cai para menos de 90 dólares e toca mínimos de fevereiro
Futuros do Brent estão a negociar a menos de 90 dólares, alcançando mínimos de fevereiro, enquanto o WTI recuava em Nova Iorque para o valor mais baixo desde janeiro.
Os preços do petróleo estão em queda nos mercados internacionais. Os receios dos investidores com o abrandamento da economia mundial continuam a pressionar a matéria-prima, ao ponto de o barril de Brent estar a cotar abaixo dos 90 dólares na tarde desta quarta-feira, negociando a preços que não se viam desde fevereiro.
Ao início da tarde, os futuros do Brent, que servem de referência para as importações portuguesas, chegaram a ceder 3,66%, transacionado em Londres a 89,43 dólares por barril. Já o norte-americano WTI perdia 3,94%, para 83,46 dólares, um mínimo de janeiro, segundo dados da Refinitiv e da Reuters.
Brent em mínimos de fevereiro
Esta descida de preços, em plena guerra na Europa, sinaliza um mercado que tem enfrentado alta volatilidade desde que a Rússia decidiu invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro. A quebra, capaz de trazer um alívio à inflação e às famílias, deverá mesmo surpreender alguns economistas, dado que, ainda em julho, o banco JPMorgan falava num cenário em que os preços do petróleo poderiam escalar até 380 dólares o barril, sob certas condições.
Mas os principais bancos centrais já estão a subir os juros para controlar a inflação e os dados económicos vindos da China, o maior importador de petróleo do mundo, estão a desanimar os investidores. Por isso, os receios de que a desaceleração da economia castigue a procura por petróleo estão a sobrepor-se aos constrangimentos provocados pelas sanções à Rússia, incluindo o embargo ao petróleo russo pela União Europeia, que, embora aprovado, ainda não entrou efetivamente em vigor.
“O espetro de uma recessão prejudicar a procura no mundo ocidental está perto de se tornar realidade, à medida que a escalada da inflação e o aumento das taxas de juro travam o consumo”, admitiu Stephen Brennock, analista da PVM, em declarações à Reuters. Já esta quinta-feira, aliás, o Banco Central Europeu deverá decidir uma subida dos juros que poderá chegar aos 75 pontos base, seguindo-se uma nova reunião da Fed, marcada para 21 de setembro, cujo desfecho poderá ser semelhante.
Outro fator de pressão são os dados económicos vindos da China, que mostram que a importação de crude em agosto caiu 9,4% em termos homólogos. O deslize deverá estar relacionado com a política “zero Covid” que tem vindo a ser perseguida por Pequim, e que dita fortes confinamentos sempre que é detetado um novo surto de Covid-19.
Na Europa, as perspetivas são ainda influenciadas pela forte redução no abastecimento de gás natural da Rússia ao continente e pelo anúncio de que a União Europeia está a discutir a imposição de limites nos preços do gás russo. Medidas que aumentam o risco de ser necessário racionamento de gás no inverno.
(Notícia atualizada pela última vez às 16h47)
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