Teto sobre o preço do gás russo não deverá reunir consenso entre Estados-membros
Itália, Grécia e Polónia estão entre os países que se opõem à aplicação da medida por receios de uma interrupção total ao fornecimento de gás russo. Medida será discutida esta sexta-feira na UE.
A proposta de Bruxelas de colocar um teto sobre o preço do gás russo não deverá estar a reunir consenso entre os 27 Estados-membros da União Europeia, com pelo menos 10 países a alertar para as consequências da aplicação de tal medida.
De acordo com a notícia avançada esta sexta-feira pelo Financial Times, Itália, Polónia e Grécia estão entre os países que contestam a proposta da Comissão Europeia depois das ameaças proferidas pelo Kremlin de que os países que limitarem o preço do gás russo verão o fornecimento através do gasoduto Nord Stream completamente interrompido. Atualmente, os envios de gás russo encontram-se suspensos desde o dia 2 de setembro depois de alertas de fugas de óleo na estação de compressão de Portovaia, na cidade de Viburgo, na Rússia.
A proposta apresentada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, integra um pacote de medidas que será discutido, esta sexta-feira, numa reunião extraordinária do Conselho de Energia da União Europeia. A reunião acontece numa altura em que a Europa assiste a uma grande volatilidade nos preços da eletricidade e do gás natural e o bloco tenta amenizar os riscos de uma interrupção total ao fornecimento de gás russo. Desde o início da guerra, a empresa estatal russa Gazprom reduziu os fluxos de gás enviados para o bloco em 80% para 84 mil milhões de metros cúbicos (bcm).
Para o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis, se a medida for aprovada o mais provável será a “retaliação por parte da Rússia”, enquanto o ministro da Transição Energética italiano alertou que um teto sobre o preço russo “seria a tempestade perfeita contra os nossos cidadãos e empresas”. “Estão todos com receios de um efeito dominó” se a Rússia cortar o fornecimento de gás aos países mais dependentes, referiu ao Financial Times um oficial da União Europeia.
Além do teto sobre o preço do gás russo, a Comissão Europeia propõe outras medidas, como uma redução no consumo de eletricidade nas horas de pico, esforços para garantir liquidez às empresas de energia que estão a enfrentar problemas de tesouraria com a elevada volatilidade dos preços e ainda um limite para os preços do gás natural liquefeito.
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