Bloco de Esquerda diz que cálculos das pensões do Governo “são uma profunda aldrabice”
"O Governo mandou um papel que vale zero", disse Catarina Martins. Bloco vai requerer a audição do Grupo de Estudos e Planeamento da Segurança Social.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) considerou esta segunda-feira que os cálculos das pensões que o Governo enviou ao Parlamento “são uma profunda aldrabice”, pelo que o partido vai requerer a audição do Grupo de Estudos e Planeamento da Segurança Social.
“Acho absolutamente inaceitável que o Governo tenha dito que precisava de cortar na evolução das pensões sem nunca mostrar cálculos. E depois de o BE exigir esses cálculos, ter mandado um documento para a Assembleia da República que é ele, também, mais um truque, mais uma aldrabice“, acusou Catarina Martins. Para a dirigente bloquista, “não são cálculos nenhuns” o que está no documento enviado pelo Ministério do Trabalho.
“O Governo mandou um papel que vale zero. Que diz algo como ‘se nós atualizássemos as pensões, mas não existisse inflação’. As pensões têm de ser atualizadas porque há inflação”, defendeu. A coordenadora do BE falava aos jornalista no mercado do Fundão, no distrito de Castelo Branco, onde contactou com produtores locais e ouviu preocupações sobre o aumento da inflação e do impacto desta na sua atividade e no preço dos produtos.
Na opinião da líder do BE, as “contas que dizem o que é que acontecia se nós atualizássemos as pensões e não existisse a inflação são só mais uma aldrabice, são só mais um truque” “é profundamente lamentável que o Governo tente justificar uma decisão política de revisão em baixa das pensões, descredibilizando a Segurança Social”.
“Está, aliás, a fazer o pior trabalho que a direita poderia imaginar, ou poderia querer. Nós vamos chamar ao parlamento o Grupo de Estudos e Planeamento da Segurança Social. Registámos que não assinou nenhuma previsão, como não podiam assinar, porque há quem na Segurança Social trabalhe, com autonomia, com independência, a fazer previsões. E estes cálculos que o Governo diz que enviou são uma profunda aldrabice, são um desrespeito para com a Segurança Social”, insistiu.
E prosseguiu: “São um desrespeito, eu diria, pela nossa inteligência. Os pensionistas não são parvos, a Assembleia de República também não. E, portanto, o Governo não pode mandar cálculos, que são uma perfeita aldrabice e esperar que a gente os aceite. Não. Queremos ouvir o Grupo de Estudos e Planeamento para ver se alguém explica as conta que o Governo ainda nunca explicou”.
Catarina Martins disse também aos jornalistas que o Governo “primeiro dizia que ia apoiar os pensionistas”, o que “é mentira”, porque “afinal vai rever em baixa a evolução das pensões”.
“Depois, dizia que em 2024 podia vir a compensar. Já se percebeu que também não há nenhuma compensação para o futuro. Disse depois que ia mandar os cálculos e não mandou os cálculos. Mandou uma folha que é uma aldrabice. (…) É ridículo, ninguém acredita nisto. É tratar os pensionistas como parvos, é tratar o parlamento como parvo, não possível, não é tolerável”, concluiu.
O primeiro-ministro rejeitou, no dia 12, ter usado de qualquer truque ao anunciar o aumento das pensões, entre este ano e o próximo, e disse que o Governo quis evitar um acréscimo de despesa permanente de dois mil milhões de euros.
António Costa sublinhou que, desde 2015, o Governo conseguiu aumentar em 26 anos a capacidade do fundo de estabilização financeira da Segurança Social, mas alertou que, se se aumentassem no próximo ano as pensões de acordo com a fórmula de cálculo em vigor, seriam perdidos 13 destes 26 anos, o que volta a referir o estudo hoje entrado no parlamento.
“O que não poderíamos fazer de forma responsável era ter um ano de inflação absolutamente extraordinário e atípico, como este, e transformá-lo num efeito permanente”, afirmou António Costa, em entrevista à TVI/CNN Portugal. O primeiro-ministro reiterou que o executivo teve duas preocupações na hora de decidir como proteger os pensionistas do aumento da inflação: garantir a recuperação do poder de compra “perdido hoje” e “garantir a sustentabilidade futura da Segurança Social”.
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