Euro toca 0,9771 dólares, um mínimo em mais de 20 anos
Subida dos juros pela Fed esta semana está a dar gás ao dólar e as perspetivas económicas pouco animadores na área do euro estão a castigar a moeda única, que tocou esta sexta-feira mínimo de 20 anos.
O euro caiu esta sexta-feira para um nível abaixo do mínimo de duas décadas de 0,98 dólares, depois da divulgação de indicadores económicos fracos da Alemanha e da Zona Euro que apontavam para uma recessão.
O euro foi negociado por volta das 9h10 em Lisboa a 0,9771 dólares, contra 0,9819 dólares no final de quinta-feira.
Euro afunda face ao dólar desde janeiro
O dólar manteve a sua força face ao euro depois de o diferencial de taxas de juro entre os EUA e a Zona Euro ter aumentado, após a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) ter aumentado as taxas de juro em 75 pontos base para entre 3% e 3,25% e ter dado a entender que irá aumentar ainda mais as taxas este ano e em 2023. As taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) estão atualmente em 1,25%.
A atividade da Zona Euro contraiu-se em setembro pelo terceiro mês consecutivo e mais acentuadamente do que nos meses anteriores, o que, juntamente com a deterioração dos indicadores de encomendas e expectativas, aponta para novos declínios de atividade no futuro.
O índice PMI (Purchasing Managers’ Index) de atividade na Zona Euro da S&P Global, que agora integra o IHS Markit, publicado esta sexta-feira, foi de 48,2 pontos, menos sete décimas do que em agosto e novamente abaixo dos 50 pontos que separam o crescimento da contração. A contração de setembro foi a maior desde janeiro de 2021 e foi impulsionada pelo setor industrial, que no seu quarto mês consecutivo de declínio de atividade marcou a contração mais rápida desde maio de 2020.
Como tem sido observado nos últimos três meses, a Alemanha registou um declínio na atividade global, uma vez que o índice PMI de atividade económica desceu para 45,9 pontos, o valor mais baixo desde maio de 2020 e, excluindo a pandemia, o nível mais fraco desde junho de 2009. Excluindo o confinamento inicial pela Covid-19 no início de 2020, o declínio no setor dos serviços alemão foi também o mais baixo desde junho de 2009.
A confiança dos consumidores caiu na Zona Euro em setembro para um nível recorde devido a preocupações com o aumento do custo de vida. Além disso, as tensões com a Rússia devido à guerra na Ucrânia estão a levar os investidores a evitar riscos e a comprar dólares, considerados uma moeda segura em tempos de crise.
Libra segue em queda acentuada após anúncio de medidas com corte de impostos
A libra aproximava-se esta sexta-feira do mínimo histórico face ao dólar, após o Governo britânico ter anunciado medidas orçamentais que levam os investidores a inquietar-se com a saúde das finanças do Estado, face aos sinais de recessão.
Com o dólar a beneficiar da resistência da economia norte-americana e do seu estatuto de valor refúgio, a libra afundava 2,01% para 1,1034 dólares às 12h35 (em Lisboa) após ter chegado a 1,1021 dólares, um nível que não tinha sido atingido desde 1985, ano do valor mais baixo, 1,0520 dólares.
O Governo britânico anunciou esta sexta-feira uma série de cortes nos impostos para tentar estimular a economia e deixar para trás um “ciclo de estagnação” numa altura em que o país sofre com a inflação e está prestes a entrar em recessão. A redução de impostos junta-se a um pacote anunciado nas últimas semanas para congelar os preços da energia doméstica para famílias e empresas, que está previsto custar 60.000 milhões de libras (68.700 milhões de euros) nos próximos seis meses.
“A libra esterlina está em perigo“, afirmou George Saravelos, analista do Deutsche Bank, assinalando que a libra cai, apesar do aumento dos juros da dívida britânica, “o que é muito raro numa economia desenvolvida”. “Estamos preocupados ao ver que a confiança dos investidores no Reino Unido está a diminuir rapidamente“, acrescentou, citado pela AFP.
A economia britânica tem mostrado sinais de enfraquecimento: o Banco da Inglaterra e o índice PMI de atividade do setor privado preveem uma recessão já no terceiro trimestre. A queda vertiginosa da libra quase ofuscou a descida do euro, que perdia 0,86% face ao dólar (para 0,9752 dólares) e atingiu o valor mais baixo desde 2002 (0,9737 dólares). Desde o início do euro, o euro perdeu 14% face ao dólar e a libra 18%.
Diretamente afetadas pela subida dos preços do gás desde o início da guerra na Ucrânia, as economias europeias acumulam sinais de fragilidade.
Pelo contrário, “os Estados Unidos estão numa posição única, com uma inflação elevada e um crescimento mais persistente, o que quer dizer que a Reserva Federal norte-americana tem mais razões e meios para subir rapidamente as taxas de juro”, segundo Mark Haefele, analista da UBS.
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