Abel Mateus: “Portugal poderia crescer muito mais se acompanhasse Europa de Leste”

"Romper com a estagnação é uma preocupação fundamental" para o economista, que defende aposta do país no ensino profissional, no aumento da produtividade e na reforma das instituições políticas.

Portugal precisa de voltar a apostar no planeamento para convergir com a União Europeia (UE) em 2040. A tese foi defendida pelo economista Abel Mateus, que prescreveu várias medidas para o Produto Interno Bruto nacional sair do cenário de estagnação. Abel Mateus defende algumas medidas aplicadas pelos países da Europa de Leste desde a adesão à UE, em 2004.

“É preciso planeamento, que se deixou de fazer progressivamente nos anos 80 e 90. Romper com a estagnação é uma preocupação fundamental. Portugal tem sofrido uma estagnação nos últimos 20 anos”, assinalou o economista e autor do livro da associação SEDES sobre “Como Duplicar o PIB em 20 anos”.

Para duplicar a economia portuguesa em duas décadas, “é preciso um crescimento anual médio de 3,2%”, algo que no passado apenas se verificou entre 1954 e 2002 – quando a taxa de crescimento média foi de 3,3%, segundo as contas apresentadas na Covilhã, nos encontros Fora de Caixa.

No período de estagnação de Portugal, dez países entraram para a UE em 2004 e outros dois em 2007. “Quase todos os países que entraram já nos ultrapassaram. A única exceção foi a Bulgária”, alertou Abel Mateus. “Temos um problema sério de convergência. Portugal poderia crescer muito mais se acompanhasse os países da Europa de Leste.”

Reformas para crescer

Em 2025, Portugal arrisca ficar com o PIB em 75% da média da UE, acentuando a divergência com a economia. Para convergir com os 27, a economia nacional tem de sofrer transformações em áreas como o ensino e os impostos, além da reforma da Justiça e do sistema político.

No ensino, Abel Mateus defende que é preciso “acelerar a formação do capital humano, a começar pelo ensino pré-primário”. Segundo o economista, “a formação das crianças entre os três e os seis anos é fundamental para o resto da sua vida”. Ainda nesta área, “é necessária a reforma profunda do ensino profissional” e “dar prioridade às academias ligadas às empresas”.

Na área do investimento, propõe-se a redução dos impostos sobre o capital e sobre o trabalho “para aumentar a competitividade fiscal com o exterior, nomeadamente a Europa do Leste”. A taxa do IRC deve ser reduzida, de forma progressiva, dos 31% para os 18%.

A cultura empresarial também deve mudar porque “os empresários procuram muito o próximo subsídio dos fundos europeus, em vez de apostarem em aumentar a produtividade e na internacionalização”.

Além do reforço da descentralização e da reforma do sistema político, o consultor económico defende que “a reforma da Justiça tem de ser muito profunda” porque “o 25 de Abril ainda não chegou” a esta área. “O ensino é demasiado formal e não é virado para a resolução dos problemas das empresas nas sociedades modernas. Andamos a perder tempo em processo com milhares de páginas”, sinalizou Abel Mateus.

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