Subida das taxas de juro vai continuar até ao pico da inflação, diz Centeno

Governador do Banco de Portugal pediu um esforço a nível europeu para se voltar a coordenar políticas orçamental e monetária para ultrapassar a crise da inflação e evitar que problema se prolongue.

O governador do Banco de Portugal adiantou esta terça-feira que as taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) vão continuar a subir até que se atinja o pico da inflação, que será mais alta e mais prolongada do que se antecipava. Mário Centeno pediu um esforço a nível europeu, nomeadamente aos governos, para não avançarem com medidas que alimentem mais a inflação, no sentido de se alcançar o pico da inflação o mais rapidamente possível para a política monetária entrar “noutra fase”.

“Enquanto prolongarmos os picos de inflação, nós não vamos conseguir dar a previsibilidade que desejaríamos e queríamos para a política monetária e o ciclo de subida das taxas de juro vai continuar”, avisou Mário Centeno no encerramento da conferência da conferência “O Impacto da Nova Ordem Mundial na Economia Europeia”, organizada pelo ECO.

“Por isso, o nosso esforço coletivo na Europa deve dirigir-se para que que se consiga atingir o mais cedo possível, o mais proximamente possível, o pico da inflação para que a partir daí esse ciclo possa entrar noutra fase”, prosseguiu o governador.

A inflação na Zona Euro encaminha-se para 10% e, para travar a escalada dos preços, o BCE já aumentou as taxas de juro em 125 pontos base desde julho, tendo prometido mais subidas, mesmo que atire as economias para uma recessão.

Centeno disse que uma das preocupações dos bancos centrais tem a ver com as medidas de política orçamental dos governos, que podem alimentar as pressões inflacionistas.

No atual contexto, apelou a que as medidas que têm sido lançadas pelos governos para apoiar as famílias e empresas a mitigar os efeitos da escalada dos preços e da quebra dos rendimentos não tenham “uma atuação pro-cíclica” e “não anulem” as medidas de política monetária do banco central.

O membro do conselho de governadores do BCE pediu uma coordenação das políticas orçamental e monetária a nível europeu para sairmos do “momento desafiante que se pode tornar difícil”, replicando “o quadro bastante feliz” que ocorreu na resposta à crise pandémica de 2020. “Esse quadro não está necessariamente criado hoje, infelizmente, na Europa”, lamentou o ex-ministro das Finanças.

No início da sua intervenção, Centeno avançou que a “inflação vai ser mais elevada e menos temporária do que pensávamos há um ano”, que justifica com a sobreposição de vários choques que não estavam previstos, como a guerra na Ucrânia.

“Eu próprio, várias vezes, exprimi essa interpretação sobre o caráter temporário da inflação. (…) A verdade é que as hipóteses por detrás das previsões da inflação falharam todas, porque em dezembro ninguém previu a guerra de fevereiro, em junho ainda tínhamos na nossa cabeça a previsão de a guerra terminar no ano de 2022 e isso são tudo fenómenos que vão acumulando”, referiu.

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