IP troca Endesa pela Luzboa para fornecer energia a comboios e estações

Gestora da rede ferroviária nacional mudou de fornecedora de eletricidade para estações e linhas de comboios depois da polémica entre a Endesa e o Governo.

A Infraestruturas de Portugal (IP) prescindiu da Endesa para fornecer eletricidade às estações de comboios e linhas ferroviárias. A gestora de infraestruturas assinou o contrato de energia com a Luzboa, válido para os últimos três meses do ano, no valor total de 5.379.984,09 euros (mais IVA), segundo documento publicado quarta-feira no portal Base.

A mudança de fornecedor de eletricidade ocorre cerca de três meses depois da polémica entre a Endesa e o Governo português: em 31 de julho, o presidente da Endesa, Nuno Ribeiro Silva, sugeriu um possível aumento na ordem dos 40% no preço da fatura da eletricidade a partir de agosto, por culpa do mecanismo ibérico. Em resposta, o primeiro-ministro, António Costa, decidiu que as faturas de serviços do Estado à elétrica só podem ser pagas após validação do secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba.

A Endesa fornecia há vários anos eletricidade para a IP: desde a criação da gestora, em 2015, foram assinados contratos no valor total de 82,37 milhões de euros com a elétrica, segundo levantamento feito pelo ECO junto do portal Base. Mais de um quarto deste valor foi gasto nos primeiros nove meses do ano, com três ajustes diretos, no montante conjunto de 25,6 milhões de euros. Entre janeiro e junho, a energia foi fornecida por 20 milhões de euros; para julho, foram gastos dois milhões de euros; para agosto e setembro foram gastos 3,4 milhões de euros.

O último contrato entre a IP e a Endesa foi aprovado em 29 de julho de 2022, na semana anterior ao início da validação das faturas de serviços do Estado à elétrica por João Galamba.

No novo contrato energético, a IP vai pagar uma média de 1,793 milhões de euros por mês à Luzboa, preço ligeiramente acima dos 1,7 milhões gastos, em média, em setembro e agosto mas abaixo da despesa com a conta da eletricidade nos primeiros sete meses do ano.

A IP justifica a opção por contratos de curto prazo “atendendo à instabilidade dos mercados” e “de modo a definir a estratégia que melhor salvaguarde os interesses”, indicou ao ECO no final de setembro fonte oficial da empresa liderada por Miguel Cruz. A estratégia “será ajustada ou redefinida em função daquela que vier a ser a evolução do mercado”.

Os ajustes diretos resultam da “consulta preliminar efetuada a todos os fornecedores registados na ERSE”. Em anos anteriores, a IP realizava concursos públicos.

Os contratos de fornecimento de eletricidade da IP servem para abastecer a rede ferroviária em duas componentes: muito alta tensão (MAT) e alta tensão (AT), para as subestações terem energia na catenária e permitir o funcionamento de comboios elétricos; e de média tensão (MT) e baixa tensão especial (BTE) para o normal funcionamento de estações, edifícios técnicos e administrativos.

A IP é dona das 29 subestações de energia em Portugal mas apenas tem de garantir o fornecimento de corrente para 10, instaladas nos últimos 25 anos em Portugal, depois da separação da gestão da linha e da operação dos comboios, escreveu o jornal Público em junho de 2022. Os operadores ferroviários (CP, Fertagus e Medway) têm depois de pagar os consumos à IP.

A CP garante o fornecimento de energia das restantes 19 subestações, anteriores a 1997. A empresa pública compra a eletricidade em conjunto com a Medway: as duas transportadoras depois repartem a fatura conforme o número de comboios por subestação. No início desta semana, a empresa abriu um concurso público para fornecimento de eletricidade durante quatro meses, dividido em sete lotes, segundo publicação em Diário da República.

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