Setor automóvel diz que vai ser “cada vez mais difícil” produzir na UE sem “ação política”
Setor automóvel europeu receia que produção e investimento na UE fique em causa, face a um contexto marcado pela inflação, baixos rendimentos, aumento de custos, e ameaça do mercado dos EUA e China.
O setor automóvel europeu receia que se torne cada vez mais difícil defender a produção e o investimento na União Europeia sem “ação política significativa”.
O alerta foi feito esta sexta-feira pela cadeia de valor automóvel da região, representada pela Associação Europeia de Fabricantes Automóveis (ACEA), a Associação Europeia de Fornecedores Automóvel (CLEPA), os Empregadores Europeus de Tecnologia e Indústria (CEEMET) e a Associação Europeia de Fabricantes de Pneus e Borracha (ETRMA).
Num comunicado conjunto, os representantes defendem ser necessária iniciativa política adicional para evitar a dependência na importação, bem como garantir o acesso a energia a preços acessíveis. O setor garante ainda que todas as empresas energéticas têm um papel a desempenhar nesta tarefa.
“Precisamos de medidas fortes e coordenadas a nível europeu que apoiem o setor e os consumidores”, apelam os representantes do setor automóvel. Neste sentido, asseguram estar prontos “para trabalhar em conjunto com os legisladores, para garantir o sucesso da transição na mobilidade”.
Em causa está um aumento dos preços da energia e dos custos de produção, colocando pressão adicional sobre todo o setor. O contexto também é marcado pela inflação elevada e baixos rendimentos a nível europeu, afetando, assim, todos os fabricantes e intervenientes, independentemente da sua dimensão, garantem.
“O setor aprecia as recentes iniciativas políticas a nível nacional e europeu. No entanto, persistem incertezas sobre a implementação e eficácia dessas medidas”, esclarece o comunicado, apelando, por este motivo, ao diálogo urgente.
Quais os problemas identificados?
O setor automóvel europeu defende que os custos de produção estão a aumentar como resultado do aumento dos preços da energia, matérias-primas e outros componentes. Por estes motivos, o lucro da indústria sai prejudicado e o próprio investimento e a sobrevivência de indústrias “críticas dentro do ecossistema” ficam em risco, garante.
“A indústria não pode absorver custos tão elevados no longo prazo, especialmente diante da concorrência de outros grandes mercados, como os EUA ou a China”, esclarece. Face a preços da energia entre os sete e oito vezes superiores aos praticados nos EUA, o setor automóvel considera que a competitividade global da indústria europeia sai assim prejudicada, pelo que apelam a um nivelamento das condições globais.
O comunicado alerta ainda para a necessidade de transferir o aumento dos custos para toda a cadeia de abastecimento e clientes, numa altura em que a inflação já está a limitar os rendimentos, colocando assim em causa a acessibilidade dos novos veículos. Isto irá afetar a renovação da frota automóvel e o ritmo de descarbonização do setor, um facto evidenciado pelas quebras, na ordem dos 10%, na venda de veículos novos, assume o setor.
Os custos elevados também prejudicam a empregabilidade, pelo que o comunicado ressalva que a indústria já se encontra em processo de requalificação dos seus trabalhadores, embora peça mais medidas aplicadas ao mercado de trabalho.
O comunicado apela também a condições iguais na União Europeia, alegando que as regras do mercado único e os apoios dos Estados-membros não devem prejudicar a concorrência entre os diversos centros de produção na Europa, uma tarefa que relega para a Comissão Europeia.
De acordo com os dados avançados pelas entidades, o setor automóvel europeu é responsável pelo emprego de 13 milhões de pessoas, correspondente a 8% do PIB da UE, além de investir 58,8 mil milhões de euros anuais em investigação e desenvolvimento, ou o equivalente a 32% da despesa total europeia.
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