Exclusivo Sem conseguir vender telemóveis, Huawei encerra loja da marca no Colombo

Seis anos depois, a Huawei encerrou a principal loja no país, instalada no Centro Comercial Colombo, em Lisboa. Marca chinesa enfrenta dificuldades no segmento de consumo.

A Huawei Portugal encerrou o estabelecimento da marca no Centro Comercial Colombo, apurou o ECO e confirmou a empresa. Inaugurada em 2016, era a loja de bandeira do grupo chinês em Portugal, conhecido por vender telemóveis.

Fonte oficial da área de consumo da Huawei Portugal justifica a decisão com a evolução dos “hábitos de compra” para o canal digital. Mas o fecho tem de ser visto à luz da quebra acentuada e global da quota de mercado da Huawei no mercado dos smartphones, incluindo em Portugal, depois das severas restrições impostas pelos EUA em meados de 2019.

“A Huawei tomou a decisão de fechar a loja física Huawei Experience, gerida em parceria com a Select Smart, localizada no Centro Comercial Colombo”, confirmou a referida fonte, sublinhando que, à medida que as “necessidades” dos clientes evoluem “e os hábitos de compra se tornam digitais, as marcas devem continuar a explorar e a desenvolver novos modelos de retalho e serviços premium que otimizem a experiência do cliente”.

Perante o fecho da loja física, a Huawei continuará a vender os seus produtos “através da sua loja online, dos seus parceiros retalhistas e agora também no Service Center da Huawei, em Lisboa, através do qual pretende continuar também a oferecer um excelente serviço pós-venda aos seus fiéis clientes”, acrescenta a empresa chinesa.

Ora, este encerramento acontece numa altura em que a Huawei enfrenta grandes dificuldades a nível global, depois das restrições impostas pelos EUA, que entendem que a empresa é um veículo de espionagem da China. A empresa sempre negou veementemente as acusações.

Já foi líder de mercado. Agora, longe disso

Outrora líder de mercado em Portugal, responsável por 35% das vendas de smartphones no primeiro trimestre de 2019, a Huawei tem uma quota de mercado pouco significativa atualmente. No primeiro trimestre, liderado pela rival Samsung (47%), a Huawei nem sequer estava discriminada nos gráficos da consultora IDC, surgindo agrupada na fatia de “Outros”, mostram os dados publicados recentemente pela Exame Informática.

Entre as principais medidas impostas pelos EUA esteve a proibição de a Google fornecer tecnologia à Huawei, o que impediu o licenciamento do sistema operativo Android, que também era usado nos telemóveis da marca. Com efeito, os equipamentos da Huawei, apesar de reconhecidos pela sua qualidade, perderam o acesso a aplicações importantes, como é o caso do YouTube e da loja de aplicações Play Store.

Com efeito, a Huawei viu-se obrigada a lançar os novos telemóveis com versões adaptadas do Android, mas sem o licenciamento comercial da Google. A marca aprimorou a sua loja de aplicações, a App Gallery, e chegou a trabalhar num sistema operativo móvel próprio para tentar concorrer com a empresa americana.

Mas as dificuldades na venda de telemóveis em Portugal são reconhecidas, em conversa com o ECO, por fontes familiarizadas com a situação na empresa. Principalmente depois de outras marcas chinesas terem conquistado importantes quotas de mercado nos últimos anos, como a Xiaomi e a Oppo – de 22% e 5% no primeiro trimestre de 2022, respetivamente.

Em agosto, o próprio fundador do grupo chinês, Ren Zhengfei, assumiu essas dificuldades sentidas a nível mundial. Numa mensagem enviada aos funcionários, citada pela Lusa, pediu que a Huawei “mude para modo de sobrevivência em 2023, ou até 2025”. Ou seja, a prioridade agora é sobreviver.

Em março de 2016, o Colombo anunciava a chegada da Huawei às suas instalações: “Já há uma loja oficial da Huawei em Portugal. É no piso 0, entre a Worten e os Supplements Sotre, do Centro Colombo, em Lisboa, que se instalou a empresa chinesa que é líder mundial em soluções de tecnologias de informação e comunicação e que é já a segunda maior marca de Android da Europa.” O comunicado referia que a loja era operada, na altura, pela Phone House.

Depois dos constrangimentos causados pela Covid-19, que levaram ao fecho de estabelecimentos, a loja da Huawei tinha reaberto as portas em abril do ano passado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Sem conseguir vender telemóveis, Huawei encerra loja da marca no Colombo

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião