Mais de 60% dos portugueses deseja uma semana de trabalho de quatro dias
Mais de oito em cada 10 trabalhadores portugueses (86%) gostariam de ver reduzida a duração da sua semana de trabalho, aponta o inquérito "O estado da compensação 2022-23" divulgado esta terça-feira.
Mais de 60% dos trabalhadores deseja uma semana de trabalho de quatro dias, com 23,9% a manifestar interesse numa semana de trabalho de 32 horas, mesmo que isso signifique um corte de salário, segundo os resultados de “O estado da compensação 2022-23”, organizado pela Coverflex.
Mais de oito em cada 10 trabalhadores portugueses (86%) gostariam de ver reduzida a duração da sua semana de trabalho e, 62,1%, se lhe fosse dada essa opção, gostaria de concentrar a semana de trabalho de 40h em quatro dias. Os dados do estudo sobre o futuro do trabalho levado a cabo pela Coverflex, startup que opera na área de benefícios aos trabalhadores, surge num momento em que o Governo discute com os parceiros sociais o futuro piloto sobre a semana de quatro dias que deverá arrancar em 2023. Uma proposta que não tem colhido boa recetividade junto dos representantes das empresas.
Os dados do inquérito – realizado, entre 14 de setembro e 4 de outubro de 2022, junto a 1.438 pessoas, maioritariamente entre os 25 e os 34 anos (46,5%), dos quais 51,1% do sexo feminino, na sua maioria da região de Lisboa (41,7%) – relevam ainda que 23,9% dos trabalhadores estaria disponível a uma jornada de trabalho de 32h, em vez das atuais 40h, mesmo que isso implique uma redução salarial. Apenas 14% dos inquiridos continua a preferir o atual modelo de 40h/cinco dias.
Modelo de trabalho híbrido domina, mas presencial sobe
O modelo híbrido é o regime de trabalho habitual para 47,1% dos inquiridos, com 29,5% a ter um regime presencial e 23,4% em remoto.
“O regime presencial foi o que mais aumentou face aos resultados do ano passado (20,3% em 2021 vs. 29,5% este ano), refletindo o regresso das equipas a uma lógica mais assente na partilha de um espaço físico, num cenário de pós- confinamento e de retorno ao escritório”, pode ler-se no estudo.
Os trabalhadores entre os 55 e os 64 anos são aqueles que mais trabalham em formato presencial e os que menos fazem em regime remoto.
Lisboa é, por sua vez, o distrito com a maior percentagem de trabalhadores em regime híbrido (57,6%) e também aquele com menos percentagem de inquiridos em regime presencial.
A dimensão das empresas também impacta o regime de trabalho. “Mais de quatro em cada 10 colaboradores a trabalhar em equipas de 1 a 10 colaboradores trabalham a partir do escritório da empresa. Esta percentagem vai diminuindo na proporção do aumento da dimensão da equipa. No caso, apenas 26,5% dos trabalhadores em equipas com 500 ou mais colaboradores trabalham a partir do escritório da empresa”, refere o estudo da Coverflex.
Os cerca de 20% que têm, no seu pacote de compensação, um budget para trabalho híbrido ou remoto, a maioria afirma ter um orçamento anual de até 250 euros para o efeito. Apenas 17 participantes neste estudo dizem ter 1.000 euros ou mais de orçamento anual para despesas relacionadas com o trabalho fora do escritório.
Apesar de quase um terço dos inquiridos trabalhar em regime remoto, 76,2% dos participantes diz que a empresa para a qual trabalha não oferece apoio para trabalho fora do escritório. Ainda assim, uma melhoria nesse tipo de ajudas, já que há um ano, 81,4% dos inquiridos referia não receber apoio para o teletrabalho.
“Considerando os cerca de 20% que têm, no seu pacote de compensação, um budget para trabalho híbrido ou remoto, a maioria afirma ter um orçamento anual de até 250 euros para o efeito. Apenas 17 participantes neste estudo dizem ter 1.000 euros ou mais de orçamento anual para despesas relacionadas com o trabalho fora do escritório”, refere o estudo da Coverflex.
O que valorizam os trabalhadores?
Apenas cinco em cada dez colaboradores (54,7%) em Portugal têm benefícios flexíveis nas empresas em que trabalham, com 27,6% a não ter acesso a este tipo de benefícios.
“A maioria dos colaboradores sem acesso a benefícios flexíveis corresponde a trabalhadores com regime laboral presencial (41,8%). Os trabalhadores remotos e em regime híbrido são os que mais vezes têm acesso a benefícios flexíveis (63,7% e 61,5%, respetivamente). O maior desconhecimento sobre o que são benefícios flexíveis verifica-se entre os trabalhadores em formato presencial (21,5% contra 15,6% no formato híbrido e 17% em formato remoto)”, refere a Coverflex.
As mulheres tendencialmente têm menos acesso a benefícios flexíveis nas empresas: 31,7% vs 23,1% dos
homens.
Mais de metade dos participantes no estudo (54,8%) está satisfeita com o seu pacote de compensação (salário, benefícios flexíveis, seguro e cartão refeição).
O valor médio de compensação alocada a benefícios varia entre 0 e 200 euros mensais (em 66,3% dos casos). Apenas 11% dos inquiridos afirma receber mais de 500 euros mensais. Os trabalhadores remotos tendem a receber mais um euro, por mês (€199,65), do que os trabalhadores híbridos (€198,62), e mais 29 euros mensais do que os trabalhadores presenciais (€170,67).
“O valor médio de compensação alocada a benefícios varia entre 0 e 200 euros mensais (em 66,3% dos casos). Apenas 11% dos inquiridos afirma receber mais de 500 euros mensais. Os trabalhadores remotos tendem a receber mais um euro, por mês (€199,65), do que os trabalhadores híbridos (€198,62), e mais 29 euros mensais do que os trabalhadores presenciais (€170,67)”, conclui o estudo da Coverflex.
Diversidade: apenas 23% tem estratégia
O género masculino representa mais de 75% ou entre 50 e 75% dos colaboradores das empresas em que trabalham
(18% e 26%, respetivamente), sendo também o género masculino aquele que domina na gestão: em 40,2% dos casos, os homens representam 75% da equipa de liderança.
“É nas empresas mais pequenas que mais se acentua a discrepância entre a percentagem de homens na liderança e no total da equipa, ou seja, em empresas mais pequenas existe ainda uma maior desigualdade ao nível das lideranças: em 27,7% das empresas com até 10 colaboradores, e em 31,3% das empresas com entre 26 e 50 colaboradores, os homens representam 75% ou mais da sua constituição”, refere o estudo.
As empresas de menor dimensão são também as que menos revelam ter estratégias de inclusão, sendo que 39,4% das empresas com estratégias de inclusão têm mais de 500 colaboradores. Serviços Financeiros, IT/Desenvolvimento de software e Consultoria e gestão são os setores onde essas estratégias são mais comuns.
“Apenas 23,9% dos participantes afirma trabalhar numa empresa que tenha estratégias de inclusão definidas. Mais de quatro em cada 10 inquiridos diz desconhecer uma estratégia do género na empresa em que trabalha, posição liderada pelas empresas em que o trabalho é presencial (58,5%).”
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