Salários reais vão recuar 1,3% este ano, estima Bruxelas. É a maior queda desde 2014

O aumento dos salários neste ano será travado pela inflação, que dita uma queda nas compensações em termos reais. Bruxelas prevê inflação de 8% em 2022.

A inflação está a ditar uma queda no poder de compra dos portugueses. Os salários reais por empregado deverão recuar 1,3% este ano, segundo as previsões económicas de Outono da Comissão Europeia. As compensações reais dos trabalhadores portugueses não tinham uma queda tão acentuada desde 2014.

Segundo os dados da Comissão, a compensação dos empregados por cabeça em Portugal vai subir 4,6% este ano, mas se for tida em conta a inflação, a remuneração real vai mesmo recuar, em 1,3% face ao ano anterior. Desde 2015 que este indicador não caía e desde 2014 que a queda não era tão abrupta, de acordo com a série estatística da Comissão.

Os dados do INE já têm mostrado esta tendência de perda de poder de compra. As estatísticas mais recentes mostram que a remuneração bruta mensal média por trabalhador português aumentou 4% para 1.353 euros no terceiro trimestre do ano, mas em termos reais, tendo como referência a variação do Índice de Preços no Consumidor, a remuneração bruta total média por posto de trabalho diminuiu 4,7%.

A Comissão Europeia prevê que a taxa de inflação em Portugal se vai fixar nos 8% em 2022 e 5,8% em 2023, ambas mais elevadas que a previsão inscrita pelo Governo no Orçamento do Estado para 2023, de acordo com as previsões económicas de outono. O Executivo estima uma inflação de 7,7% este ano e 4% no próximo. Valores que o Conselho das Finanças Públicas alertou já poderem estar ultrapassados.

Bruxelas explica as projeções apontando que a “inflação aumentou em termos homólogos para 9,5% no terceiro trimestre de 2022 refletindo os altos preços da energia, o que desencadeou efeitos de passagem para outros bens e serviços”. Além disso, “fatores específicos do país relacionados com a seca extrema também elevou a inflação Portugal, com o aumento homólogo dos preços dos alimentos não transformados de 18,1% em setembro em comparação com 12,7% na área do euro”.

Deverá ocorrer uma moderação gradual da inflação nos próximos anos, tendo em conta a “esperada queda nos preços de energia e alimentos, enquanto os preços dos serviços devem permanecer altos, acompanhados por reajustes salariais”.

Tendo em conta este abrandamento esperado da inflação, os salários dos trabalhadores portugueses deverão voltar a crescer em 2023, ainda que apenas 0,4%. Já em 2024 é esperado um crescimento de 0,9%.

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