Empresas interessadas em participar no piloto da semana de quatro dias já podem candidatar-se

Durante os próximos três meses vão decorrer várias sessões de esclarecimento com as empresas interessadas em saber mais sobre o projeto. A primeira sessão acontece já esta sexta-feira.

As empresas do setor privado que queiram fazer parte da experiência da semana de quatro dias de trabalho, organizada pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, já podem manifestar o seu interesse no site criado para o efeito. De 18 de novembro e 20 de janeiro haverá cinco sessões de esclarecimento. No final, as organizações partilharão a sua decisão final sobre a participação — ou não — no projeto-piloto, noticiou o Público.

“Estamos à procura de empresas em todos os setores. Desde empresas no setor das tecnologias, que sabem que, para contratar os melhores, têm de oferecer mais do que um bom salário, até restaurantes, onde a rotação de trabalhadores e os constantes problemas de recrutamento têm levado a uma perda de clientes e tornado o dia a dia insustentável. Estamos à procura de fábricas, que tenham grandes problemas de absentismo, e empresas de consultoria ou de outros serviços que achem importante os trabalhadores voltarem para o escritório, mas compreendem que o trabalho não pode voltar a ser como antes da pandemia”, diz Pedro Gomes, o economista e professor da Universidade de Londres que vai coordenar o projeto-piloto, num vídeo publicado no YouTube.

Pedro Gomes salienta ainda que qualquer empresa, independentemente da sua dimensão ou localização, pode participar na experiência. “Fica aqui o meu desafio para as empresas portuguesas, para que se juntem a nós e experimentem a semana de quatro dias. A experimentação faz parte do ADN das melhores empresas. É tão natural as empresas testarem novos produtos, experimentarem novos fornecedores, diferentes técnicas de publicidade ou variações nos preços, porque não experimentar uma forma diferente de organizar o trabalho?”, apela o economista.

O maior risco que as vossas empresas enfrentam não é experimentarem a semana de quatro dias ao longo de seis meses, mas sim que um dos vossos maiores concorrentes se antecipe“, acrescenta.

As empresas interessadas podem preencher o formulário de inscrição disponível no site do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), onde devem indicar o que motiva o potencial interesse em aderir ao programa-piloto da semana de quatro dias, quais os benefícios que esperam atingir e em qual das cinco sessões de esclarecimento pretendem participar.

O projeto-piloto, a realizar durante seis meses em empresas do setor privado, com o objetivo de avaliar os impactos desta modalidade de gestão do horário laboral, nas empresas, nos trabalhadores e nas suas famílias, não implicará corte de salário, apenas redução de horas semanais. As organizações que participarem no projeto — voluntário e reversível — não terão contrapartida financeira. O Estado dará apenas suporte técnico e administrativo para apoiar a transição.

Entre março e maio será feita a preparação da experiência-piloto, que arrancará, posteriormente, em junho e se prolongará até novembro de 2023.

Piloto não reúne consenso

O piloto não reúne consenso, nem junto dos sindicatos, nem do patronato. E na Função Pública os próprios sindicatos questionam o projeto.

No setor empresarial, na área do turismo — setor que atravessa período de forte escassez de pessoas –, José Theotónio, CEO do Grupo Pestana, considera até a semana de trabalho mais curta uma “vergonha nacional”.

“Se for um horário de trabalho em que as 40 horas são trabalhadas em apenas quatro dias, isso obriga a uma flexibilidade e, para algumas unidades, até poderia ser produtivo“, disse, durante o 33.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, organizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que decorre até esta sexta-feira em Fátima.

“Numa indústria em que sentimos que há uma redução da qualidade de serviço, nesta fase do campeonato, passar para quatro dias [de trabalho] e manter a carga horária é um desastre, um tiro nos pés”, afirma. “Depois da questão do novo aeroporto, é a segunda maior vergonha nacional”,

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