Maiores bancos europeus registam 26% dos lucros em paraísos fiscais
Relatório da Oxfam revela que os paraísos fiscais representam 26% dos lucros obtidos pelos 20 maiores bancos europeus. Luxemburgo e Irlanda são as praças preferidas.
Os vinte maiores bancos da zona euro registaram cerca de um quarto dos seus lucros de 2015 em paraísos fiscais. Luxemburgo e Irlanda são os destinos favoritos, revela um relatório da Oxfam divulgado esta segunda-feira.
As práticas fiscais das grandes multinacionais são agora analisadas à lupa, depois dos escândalos do LuxLeaks e Panama Papers, que revelaram os métodos utilizados pelas grandes empresas para fugir aos impostos.
“As novas regras de transparência da União Europeia dão-nos um vislumbre sobre a política fiscal dos maiores bancos europeus. E não é uma visão bonita”, sublinha Manon Aubry, uma especialista fiscal da Oxfam, citado pela AFP.
“Os governos têm de mudar as regras para evitar que os bancos e as grandes empresas utilizem os paraísos fiscais para escapar aos impostos ou para ajudarem os seus clientes a fugir”, acrescentou.
"Os governos têm de mudar as regras para evitar que os bancos e as grandes empresas utilizem os paraísos fiscais para escapar aos impostos ou para ajudarem os seus clientes a fugir.”
O relatório revela que os paraísos fiscais representam 26% dos lucros obtidos pelos 20 maiores bancos europeus, um valor que corresponde, de acordo com as estimativas, a cerca de 25 mil milhões de euros.
Por exemplo, o Barclays, o quinto maior banco europeu, em 2015, registou lucros de 517 milhões de euros no Luxemburgo e pagou apenas um milhão de euros em impostos, o que representa uma taxa efetiva de 0,2%.
O relatório também revela que os bancos europeus registaram 628 milhões de euros em lucros em paraísos fiscais onde não têm um único trabalhador. É o caso do francês BNP Paribas, que registou um lucro de 134 milhões de euros nas ilhas Caimão, mas não tem nenhum empregado nesta praça.
Outros bancos registaram lucros em paraísos fiscais ao mesmo tempo que registaram perdas noutros locais. Por exemplo, em 2015, o Deutsche Bank registou lucros fracos, ou mesmo nenhuns em vários dos principais mercados e, simultaneamente, cerca de dois mil milhões de euros de lucro em paraísos fiscais.
A Oxfam descobriu estes dados ao utilizar a nova legislação comunitária que obriga os bancos a revelarem os os lucros, país a país. O objetivo da lei era impedir os grandes bancos de mudarem, artificialmente, os seus lucros para praças onde a tributação da riqueza é muito baixa ou até mesmo inexistente.
“Estas regras devem agora ser alargadas para garantir que todas as grandes empresas fornecem relatórios financeiros referentes a todos os mercados onde operam”, afirmou Aubry. “Isto tornará mais fácil a todos os países – incluindo os mais pobres – avaliar se as empresas estão ou não a pagar a sua fatia justa de impostos”, acrescentou a especialista.
"Isto tornará mais fácil a todos os países – incluindo os mais pobres – avaliar se as empresas estão ou não a pagar a sua fatia justa de impostos.”
O Luxemburgo e a Irlanda são os paraísos fiscais preferidos, revela o mesmo relatório. Os 20 maiores bancos europeus registaram mais lucros no pequeno ducado do Luxemburgo do que no Reino Unido, Suécia e Alemanha em conjunto.
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