Há um novo Panama Papers, mas nas Bahamas
O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) divulgou esta quarta-feira uma nova investigação sobre offshores, desta vez nas Bahamas. Foram identificados 28 cidadãos portugueses.
Do Panama para as Bahamas, a diferença para este último leak ainda é grande: desta vez são 1,3 milhões de ficheiros relativos a 176 mil companhias para analisar, em contraste com os 11,5 milhões de documentos do Panama Papers. A nova investigação sobre offshores identificou 28 cidadãos portugueses e 22 estrangeiros residentes em Portugal, conta o Expresso, um dos parceiros do consórcio.
A informação chegou novamente às mãos do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, o mesmo dos Panama Papers, e tem documentos desde 1990. Ao todo são 25 mil administradores e funcionários visados. Aparecem 28 portugueses como administradores em 38 empresas offshore.
Esta quarta-feira o Expresso divulgou o caso do sobrinho-neto do fundador da Fundação Calouste Gulbenkian, Micael Gulbenkian, o ex-presidente da ONI e atual administrador da Oi, Pedro Morais Leitão, o ex-presidente do Banif, Joaquim Marques dos Santos, o ex-presidente executivo do Banif, Carlos Duarte de Almeida e Rui Salvador, “o rosto de um dos maiores esquemas de bula na Península Ibérica”, apelida o Expresso.
Banif tinha offshore para negociar no continente americano
A investigação revela que o Banif tinha, pelo menos, duas offshore nas Bahamas. Uma criada em 1995 servia para dar “apoio adicional às operações de trade finance do grupo no continente americano, detendo uma carteira de instrumentos de trade finance (letras, promissórias, etc) para posterior venda e distribuição a terceiros”, segundo um relatório de contas do banco, cita o Expresso.
A outra foi criada em 2005 com o mesmo propósito e, segundo a investigação, a 30 de junho de 2012, tinha um ativo de 87 milhões de dólares. O artigo refere ainda a GB Managers que, não constando do relatório do Banif, foi incorporada a dezembro de 2011.
Administrador da Oi ligado a uma offshore nas Bahamas
Chama-se Mare Nostrum a companhia onde o atual administrador da Oi aparece. Também como administradores, revela a investigação, aparecem os nomes do antigo administrador do Metropolitano de Lisboa, José Maria Franco O’Neill, e o ex-administrador do grupo de media Cofina e um dos sócios do escritório de advogados CCAOntier, Carlos Barbosa da Cruz.
Não se sabe a finalidade da empresa, mas Carlos Barbosa da Cruz defendeu-se dizendo que o “cargo na sociedade em referência, aliás sem atividade, processa-se no quadro de um mandato profissional”.
O ICIJ ressalva que “ao contrário dos Panama Papers, cuja fuga de informação foi divulgada pelo ICIJ em abril, o acervo não inclui e-mails ou contratos relacionados com essas companhias ou quem são os seus beneficiários últimos, permitindo no entanto saber nalguns casos quem são as pessoas responsáveis pela administração das offshores e em que altura é que esses cargos foram assumidos”, explica o Expresso.
Editado por Paulo Moutinho
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