BCE seriamente preocupado com possível subida dos créditos de cobrança duvidosa

  • Lusa
  • 12 Dezembro 2022

O BCE alerta que as taxas de juro mais elevadas e uma possível recessão podem dificultar a capacidade das famílias e empresas fortemente endividadas de pagar a sua dívida.

O Banco Central Europeu está seriamente preocupado com o possível aumento dos créditos de cobrança duvidosa devido ao aumento das taxas de juro e à subida acentuada dos preços da energia e apela aos bancos para fazerem provisões suficientes.

O Banco Central Europeu (BCE) publicou esta segunda-feira as suas prioridades de supervisão para os próximos três anos, de 2023 a 2025, e considera necessário observar “sinais de alerta precoce” no que respeita a créditos duvidosos, apesar de até ao terceiro trimestre estes terem caído na Zona Euro.

O volume de empréstimos improdutivos caiu em junho para um mínimo de 1,8% do total de empréstimos na zona euro. “Os dados preliminares de supervisão sugerem que esta tendência descendente continuou também no terceiro trimestre”, segundo o BCE.

Mas, acrescenta, taxas de juro mais elevadas e uma possível recessão podem dificultar a capacidade das famílias e empresas fortemente endividadas de pagar a sua dívida.

“Porque a materialização das perdas de crédito tende a atrasar-se em relação às perdas por risco de mercado numa recessão económica, é importante olhar mais além da tendência geral para a baixa dos créditos não rentáveis por possíveis sinais de alerta precoce”, diz o BCE.

O rácio de empréstimos em vigilância especial (fase 2) e os empréstimos totais, um sinal de alerta precoce, aumentou para 9,7% em junho de 2022, acima do pico observado durante a pandemia, tendo-se mantido no mesmo nível durante o terceiro trimestre.

O aumento dos empréstimos em vigilância especial (fase 2) tem sido generalizado entre as empresas e as famílias, mas as empresas mais sensíveis ao aumento dos preços da energia e aos problemas da cadeia de abastecimento são mais afetadas.

Trata-se de empresas de setores económicos relacionados com “a produção e transformação de matérias-primas, fornecedores de energia e setores intensivos em energia, como a agricultura e os transportes aéreos, terrestres e marítimos”, de acordo com o BCE.

Os preços elevados dos fatores de produção também afetam a construção em alguns países da Zona Euro.

Os problemas de fornecimento de gás “podem também prejudicar os principais consumidores de gás, tais como os produtores de metais, químicos, alimentos e bebidas”, adverte o banco.

As condições nos mercados imobiliários comerciais parecem estar a estabilizar-se depois de uma forte correção dos preços no início da pandemia.

No entanto, o BCE considera que “o setor dos escritórios europeu continua a ser fortemente afetado pela subida das taxas de juro e pelo aumento acentuado dos custos de construção, que estão a contribuir para ao efeito da transição para o teletrabalho como consequência da pandemia”.

Os preços das casas aumentaram na primeira metade de 2022, ampliando ainda mais a diferença com os preços de aluguer e apesar da sobrevalorização na Zona Euro.

“Esta situação, combinada com o aumento do custo de vida, a diminuição dos salários reais e o aumento das taxas de juro, suscita preocupações, especialmente para os bancos que operam em países com uma elevada percentagem de hipotecas de taxa variável”, diz o BCE.

Um empréstimo é considerado duvidoso quando há sinais de que o mutuário não será capaz de o reembolsar, ou quando passaram mais de 90 dias sem que tenha pago as prestações acordadas.

Isto pode ocorrer quando um indivíduo perde o seu emprego e não pode pagar a sua hipoteca como acordado ou quando uma empresa está a passar por dificuldades financeiras.

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