Autarquias são “bomba atómica” na cibersegurança. Novas competências criam “tempestade perfeita”

O especialista em cibersegurança Carlos Carvalho, que é CEO da Adyta, está preocupado com a falta de cibersegurança nas autarquias, principalmente no contexto da descentralização de competências.

Cyber Summit 2022 na Abreu Advogados - 09NOV22
Carlos Carvalho, CEO da Adyta, participou na Cyber Summit a 29 de novembroHugo Amaral/ECO

As autarquias são uma “bomba atómica” do ponto de vista cibersegurança em Portugal e as vulnerabilidades vão aumentar à medida que avança o processo de descentralização de competências em curso, considera o especialista em cibersegurança Carlos Carvalho, que é CEO da startup tecnológica Adyta.

“Se falarmos naquilo que é o setor público, o Estado, eu acho que temos aí um tema onde se está a formar a tempestade perfeita, que são as autarquias”, disse o responsável durante um painel inserido na Cyber Summit 2022, uma iniciativa promovida pelo ECO.

“As autarquias, e o Governo até quer passar para lá mais competências ao nível da saúde e da educação, são, a meu ver, uma bomba atómica daquilo que é a proteção, privacidade e segurança em Portugal”, afirmou, num painel sobre a prevenção de ciberataques.

"Nós, numa autarquia, temos tudo de todos. Temos as plantas das casas das pessoas mais importantes do país.”

Carlos Carvalho

CEO da Adyta

Carlos Carvalho detalhou as razões que sustentam esta preocupação: “O corpo técnico não tem formação suficiente para o que hoje se passa ao nível da cibersegurança; os orçamentos não são canalizados para esta área porque não é a área que mais satisfaz os eleitores – desculpem-me, políticos – e, portanto, não é aquela que vai ter mais retorno eleitoral; os próprios prestadores de serviços de software estão mais preocupados com a função do que propriamente com as questões de segurança.”

Dito isto, o CEO da Adyta lembrou que as autarquias processam dados pessoais sensíveis dos cidadãos: “Nós, numa autarquia, temos tudo de todos. Temos as plantas das casas das pessoas mais importantes do país, só para causar aqui alguma ressonância. Se ainda vamos migrar para lá mais dados – e até muitos deles sensíveis –, temos ali mesmo uma tempestade perfeita a formar-se”, reiterou.

Por fim, o responsável indicou que “já há conhecimento de alguns ciberataques que surgiram” em autarquias e que esta é uma tendência que “pode galopar”.

A Adyta é uma startup com sede no Porto que resultou de um spin-off da Universidade do Porto. A empresa comercializa uma solução tecnológica de comunicações seguras e encriptadas, e também presta serviços relacionados com a cibersegurança.

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