Comissão de trabalhadores alerta para “movimentações radicais e populistas” na Autoeuropa
Representantes dos trabalhadores atiram-se aos sindicatos em mensagem de balanço de 2022, já depois da aprovação dos aumentos salariais para o próximo ano.
A comissão de trabalhadores da Autoeuropa alerta para “movimentações radicais” na fábrica do grupo Volkswagen em Portugal. Na mensagem de balanço de 2022, os representantes dos trabalhadores chamam a atenção para um “aumento salarial como nunca se conseguiu” desde a abertura da fábrica.
“É preciso, no futuro, estarmos atentos a todas as movimentações radicais e populistas, sob pena de nos transformarmos em mais uma empresa que irá entrar no calendário das greves decididas fora das nossas portas e por pessoas que nada têm a ver com a Volkswagen Autoeuropa, incitando a políticas de terra queimada e usando as reivindicações dos nossos trabalhadores para alimentar agendas políticas e sindicais”, avisa a comissão de trabalhadores no comunicado divulgado nesta quinta-feira.
A afirmação surge depois de na semana passada os operários terem aprovado o aumento de salários de 5,2% para 2023, com valor mínimo de 80 euros e que “chegará aos 100 euros” para quem trabalha por turnos. A comissão de trabalhadores diz que este aumento “também terá influência significativa nos prémios de fim de semana”.
Até que o documento tenha sido aprovado, houve duas rondas de negociações e uma greve parcial, a 17 e 18 de novembro. A paralisação foi aprovada em plenário da comissão de trabalhadores, que acabaria por retirar o pré-aviso. No entanto, os sindicatos SITE-Sul e Sindicato dos Trabalhadores do Setor Automóvel (STASA) mantiveram o pré-aviso de greve, cuja adesão gerou uma guerra de números com a administração da fábrica de Palmela.
Antes das negociações, em outubro, a comissão de trabalhadores pedia um aumento de 5% em dezembro com retroativos a julho e uma nova atualização em janeiro do próximo ano, que tivesse em conta os valores da inflação deste ano e o acordo laboral. Por sua vez, a administração da Autoeuropa comprometeu-se a pagar um prémio extraordinário de 400 euros a todos os trabalhadores no vencimento de dezembro.
Para 2022 está previsto que a fábrica de Palmela consiga o segundo maior número de produção de sempre, atingindo as 230 mil unidades.
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