Os desejos de empresários e gestores para 2023
- Ana Marcela, António Larguesa, Alberto Teixeira, Carla Borges Ferreira, Diogo Ferreira Nunes, Rita Neto, Hugo Amaral e Lídia Leão
- 1 Janeiro 2023
O ECO recolheu os testemunhos de 24 empresários e gestores nacionais, que vão da indústria, à área dos transportes, passando pelas empresas tecnológicas e criativas. O que desejam para 2023?
Alívio fiscal, reforço da capacidade produtiva, maior investimento em inovação, crescimento da economia acima da média europeia, preocupação com contas certas, controlo e redução da inflação, paz, aposta em tecnologias certas, um governo reformista e menos burocracia. Estes são os desejos para 2023 dos empresários e gestores que aceitaram o desafio do ECO.
A entrada no novo ano é feita debaixo da guerra na Ucrânia, com efeitos na inflação para consumidores e para empresas. Também continuam as dificuldades no fornecimento das matérias-primas, apesar de a China ter aliviado as restrições relativas à Covid-19.
As previsões para 2023 apontam para 5,8% de taxa de inflação e um crescimento da economia de 1,5%. Espera-se menos consumo privado para mais investimento face a 2022, segundo as previsões do Banco de Portugal divulgadas em meados de dezembro.
Com base neste contexto, o ECO recolheu os testemunhos de empresários e de gestores nacionais, que vão da indústria, à área dos transportes, passando pelas empresas tecnológicas e criativas.
Pedro Soares dos Santos, presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins
O que desejo para a economia e para as empresas portuguesas em 2023 é o mesmo que tenho vindo a expressar ao longo dos últimos anos: que haja um alívio fiscal, tanto para as empresas como para as famílias, e que se incentive o investimento na construção e reforço da capacidade produtiva nacional e na criação de emprego. Só assim a nossa economia, que não cresce verdadeiramente desde o início deste século, pode ambicionar alguma prosperidade.
Madalena Cascais Tomé, presidente executiva do grupo SIBS
Um dos meus desejos é que a economia portuguesa consiga alcançar um crescimento acima da média europeia, percorrendo um caminho de convergência com o nível das melhores economias da Europa. O crescimento económico e o aumento de produtividade são fundamentais na geração de riqueza, na melhoria da qualidade de vida, e para ajudar a reduzir desigualdades, permitindo o desenvolvimento sustentável e tornar o país mais inclusivo.
Também desejo que Portugal continue a ser uma referência na área dos pagamentos a nível europeu, disponibilizando serviços inovadores, seguros e convenientes para todos os cidadãos e empresas.
Miguel Maya, presidente executivo do BCP
Desejo que as empresas invistam mais na inovação, na competitividade, na eficiência operativa; que as famílias procurem poupar mais, as que podem, gastar menos, as que ainda têm condições para tal, que invistam mais na qualificação profissional, todas; e, igualmente importante, que sejamos mais exigentes, mais solidários e mais inclusivos.
Também desejo que o Governo permaneça com uma enorme preocupação com as “contas certas”, que apoie de forma sólida e direcionada as famílias mais frágeis e que crie condições para que o tecido empresarial se possa desenvolver sem espartilhos dogmáticos, num ambiente de regras estáveis que promovam o necessário escrutínio e transparência.
Beatriz Rubio, presidente executiva da Remax Portugal
Na ótica macroeconómica, desejo o controlo da inflação e a sua progressiva redução, pois ajudariam na melhoria do nível de vida das famílias portuguesas e, consequentemente, das empresas. Também desejo um aumento da capacidade de inovação e o desenvolvimento de melhores práticas.
Em anos económicos mais difíceis, como o que os analistas antecipam para o próximo ano, surgem novas ideias, novos métodos de trabalho em muitas empresas para fazer face às dificuldades acrescidas. Ora estas novas formas de estruturar os processos de trabalho e, inclusivamente, de abordar os mercados, conduzem a aumentos de produtividade e, inerentemente, dos resultados das empresas.
António Portela, presidente executivo da Bial
O meu primeiro desejo é de um maior reconhecimento do papel das empresas para o desenvolvimento do país, com o fomento de políticas e medidas incentivadoras do seu crescimento, nomeadamente ao nível de financiamento, fiscalidade, capacidade exportadora e internacionalização.
O meu segundo desejo visa a criação de um ecossistema favorável à inovação que seja um verdadeiro desígnio nacional, abrangendo as empresas, o setor público, a academia, a sociedade em geral.
Isabel Vaz, presidente executiva do grupo Luz Saúde
Mais crescimento em setores de valor acrescentado para a economia portuguesa, nomeadamente em áreas de atividade com impacto na produtividade sistémica e que consigam suster salários em convergência com a média europeia.
Coragem para, apesar do ambiente de incerteza geopolítica que estamos a viver, continuar a investir em Portugal, alavancando no investimento já feito na geração mais bem preparada de sempre, continuando a trabalhar na melhoria dos fatores que condicionam a nossa competitividade, nomeadamente, regulação setorial, política fiscal, leis laborais, entre outros.
José Theotónio, presidente executivo do grupo Pestana
Que em 2023 a economia saiba cumprir o seu papel principal que é estar ao serviço das pessoas e da melhoria das suas condições de vida. Este objetivo é tão mais importante este ano porque vivemos num clima de grande incerteza devido à guerra na Europa, ao aumento do custo de muitos fatores produtivos e às constantes provocações “geoestratégicas” com que os que mandam neste mundo se têm entretido.
Que as empresas portuguesas consigam com visão estratégica, empenho no trabalho e decisões corretas obter os ganhos de produtividade que são essenciais para o desenvolvimento económico da sociedade. E, já agora, que sejam respeitadas e reconhecidas como o verdadeiro motor do desenvolvimento económico e das sociedades civilizadas.
Isabel Furtado, presidente da TMG Automotive
O primeiro e incontornável desejo que penso ser de todos nós – o urgente fim da guerra na Europa e do insuportável sofrimento das pessoas envolvidas neste conflito.
O outro desejo para 2023 seria o de existir uma estabilização da economia e da sociedade numa nova normalidade, mais assente nos princípios do respeito humano, da valorização das pessoas, da defesa e proteção dos recursos naturais e, bem assim, da ética, da transparência e da moral. Seria este um ponto de partida de um ciclo verdadeiramente virtuoso para fomentar e fazer crescer a nossa economia e as empresas portuguesas, que com admirável resiliência têm resistido a anos tão desafiantes, como 2022 também provou ser.
Miguel Garcia, administrador da Garcia Garcia
Há dois desejos que, neste momento, parecem fazer mais sentido: paz e reformas. O fim da guerra na Ucrânia é mais do que um “desejo”, que acreditamos ser transversal a quase todas as pessoas e empresas, mas sim uma ordem à Humanidade. Muitos dos problemas que hoje enfrentamos foram direta ou indiretamente causados ou agravados pela guerra.
Outro desejo seria acordar no dia 1 de janeiro e ter em funções uma governação com um verdadeiro, genuíno e decidido ímpeto reformista, com políticas de médio e longo prazo. Uma governação que pense para lá da sua legislatura e que almeje a mais do que agradar ao(s) grupo(s) que lhes permitem perpetuar-se.
Cristina Pimentel, presidente do conselho de administração da STCP
2023 não se prevê seja um ano fácil, com a continuidade da guerra na Europa, com perspetiva de subida dos custos de matérias-primas, com dificuldades logísticas de aprovisionamento, com uma nova inflação que já havíamos esquecido e que afetará todos.
Os meus desejos só podem estar ligados à enorme responsabilidade que a STCP assume em contínuo, sendo capaz de se manter na senda da inovação, dando resposta aos desafios de uma nova geração que pretende uma mobilidade mais flexível, moderna e sustentável, dando garantias de que, em tudo o que mudamos, contribuímos também para um planeta com futuro.
João Bento, presidente executivo dos CTT
Que as empresas (e as famílias) consigam ultrapassar com serenidade e resiliência este desafiante momento económico. Com a guerra que eclodiu na Europa, e ainda vivendo os efeitos da pandemia, todos tivemos de lidar com níveis de inflação impensáveis, com especial ênfase nos custos energéticos, com as medidas de contenção da inflação e a forte redução dos níveis de confiança dos consumidores a gerar um período de grande incerteza económica. A conjuntura económica é preocupante, uma vez que, neste momento, temos a perceção de que o cenário de inflação pode ser mais duradouro.
Desejamos que os esforços para assegurar a transição para uma economia de baixo carbono continuem a prosperar já no próximo ano e nos anos seguintes, idealmente de forma eficiente e socialmente justa, respondendo aos desafios globais da sociedade e mobilizando todos, incluindo o setor empresarial, que muito tem contribuído para o tema.
Cláudia Matos Pinheiro, presidente do conselho de administração da A. Silva Matos Metalomecânica
O meu desejo para a economia e para as empresas portuguesas para o próximo ano é que se consiga a estabilização das condições de mercado, nomeadamente no custo da energia e materiais, permitindo assim uma maior competitividade da nossa economia e, portanto, um reflexo positivo quer para as empresas, quer para as famílias.
Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC Portugal
Confiança no poder da ação conjunta de empresários e gestores, empreendedores, investidores, investigadores e professores, líderes do poder político central e local, dirigentes da administração pública, dirigentes associativos, criadores culturais e profissionais de comunicação social e todos aqueles que acreditam nas possibilidades da mudança positiva na economia e na sociedade portuguesa.
Perseverança e foco na procura incessante de fazer melhor e na realização de ideias que à partida parecem inviáveis ou impossíveis de realizar; porque no meio das maiores dificuldades e incertezas residem, também, as maiores oportunidades.
Daniela Braga, presidente executiva da Defined.Ai
Espera-se que 2023 continue a ser um ano de recessão económica, pelo que todos devemos continuar a ser eficientes em termos financeiros e a tomar decisões de investimento cuidadosas. Mas ter sempre em mente que é nos momentos de desafios que se criam as melhores oportunidades.
Todos nós devemos procurar novas alianças. Alianças com clientes, parceiros de diferentes setores e, por vezes, até concorrentes, para passar o ano de 2023. A sobrevivência vem muitas vezes de alianças inesperadas e de parcerias criativas.
Marcelo Lebre, administrador operacional e cofundador da Remote
Reconhecimento do contributo que as startups trazem para a economia nacional com a implementação de medidas económicas e financeiras que promovam não só o empreendedorismo mas também o rejuvenescer do tecido empresarial que sustem o nosso país através de novas pequenas e medias empresas.
Portugal está neste momento extremamente bem posicionado globalmente para se tornar um centro de talento internacional e industrial e será essencial que durante 2023 se continue a investir e a criar meios para que se continue a desenvolver esta atratividade, que representa investimento e crescimento para todo o tecido industrial que serve o país.
Ana Paula Marques, presidente da EDP Produção
O que mais desejo para as empresas é, acima de tudo, ambição e visão. Ambição para que aspirem sempre a ser mais eficientes, globais, competitivas a criar valor e a “dar o salto” na vertente do crescimento. E visão para desenvolverem estratégias vencedoras para a concretização da ambição, apostando em forte transformação via inovação e digitalização.
Competitividade e resiliência serão palavras de ordem. E isso passará, igualmente, pela capacidade de atrair e reter talento, de qualificar as nossas pessoas no sentido de responder às reais necessidades e assim elevar o seu potencial, em paralelo com um Estado promotor e acelerador do desenvolvimento económico.
Tomás Froes, presidente executivo da Dentsu Creative Portugal
Coragem e positivismo. Porquê? Como empresário que também sou, acho que a coragem nos ajuda a fazer coisas das quais às vezes temos medo, mas que têm que ser feitas. E o positivismo é porque se aplicarmos essa coragem a coisas boas, as empresas evoluem, crescem e deixam satisfeitas as pessoas que lá trabalham, que é o mais importante. Coragem mais positivismo é uma fórmula que dá sucesso.
Carla Mouro, presidente executiva da Fundação da Juventude
Por um lado, que a economia portuguesa possa estabilizar, com abrandamento da inflação e garantia dos níveis de emprego. Por outro lado, que as empresas portuguesas olhem, cada vez mais, para os jovens, não só como o futuro, mas como o presente, seja na aposta no talento, na melhoria das condições ou na formação contínua.
O tecido empresarial pode (e deve) aproximar-se dos mais jovens, mesmo antes de estes entrarem no mercado de trabalho. É fundamental que todos os atores – não só as empresas – possam trabalhar, em conjunto, para apoiar a capacitação dos jovens a nível pessoal e profissional, num equilíbrio entre as necessidades do mercado e os anseios e desejos desta geração.”
Daniela Seixas, fundadora e presidente executiva da TonicApp
Forte desburocratização do acesso a investimento e apoios geridos por entidades públicas – este tema é sempre importante para a competitividade das empresas num mercado pequeno como o português, mas é ainda mais relevante num momento de crise económica.
A realização de reformas estruturais das diferentes áreas do setor público, que não só estão a limitar o acesso dos cidadãos aos diferentes serviços bem como a sua qualidade, mas também a comprometer a competitividade das empresas e da nossa economia no geral.
Bruno Azevedo, presidente executivo da Addvolt
Mais estabilidade e paz na guerra da Ucrânia para dar estabilidade às cadeias de fornecimento e aos preços das matérias-primas.
Muita resiliência para estarmos preparados para um ano que se espera imprevisível a nível económico.
Ana Casaca, diretora de Inovação da Galp
Existindo um consenso alargado sobre o que é necessário fazer para acelerar a transição energética, é urgente que em 2023 sejam criados novos mecanismos que permitam que passemos à ação e à mobilização de todos os setores da sociedade, de forma generalizada, participativa e inclusiva. Desejo ainda que Portugal e a Europa continuem a ser referências na implementação de tecnologias aplicadas às energias limpas, garantindo, neste contexto desafiante, as bases para atingir uma posição de autonomia energética alavancada nos seus recursos naturais e minerais.
Gonçalo Bastos de Sá, líder de TI da Kuehne+Nagel em Portugal
Que a nossa economia continue a crescer apesar dos desafios que temos. Precisamos de ter alguma estabilidade em Portugal, com tudo o que tem vindo a acontecer, o que pode dificultar tomar algumas decisões para 2023. Que as empresas possam ter alguma tranquilidade com o que se avizinha para 2023.
Daniel Redondo, CEO da Licor Beirão
Em primeiro lugar, que termine a guerra na Ucrânia. Que a inflação inverta o ciclo rapidamente e que leve a uma redução das taxas de juro ainda em 2023. Por fim, e talvez a mais irrealista, que o Governo reduza a cobrança total de impostos e que deixe mais rendimento disponível aos portugueses.
Miguel Pina Martins, CEO da Science4You
Em primeiro lugar, crescimento económico. Apesar do cenário difícil de incerteza, desejamos muito ter crescimento sustentado para 2023 em Portugal. Em segundo lugar, o fim dos conflitos armados. Não levam ninguém a ficar melhor e têm causado grande incerteza e inflação no nosso planeta. Por fim, juros baixos. O aumento dos juros vai ser um fardo muito grande para as famílias e empresas num ano que já se antevê muito difícil. Se o BCE continuar com a subida vertiginosa de juros vai dificultar ainda mais a vida dos agentes económicos.
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