Governo revê em alta previsões de crescimento. Portugal terá crescido 6,8% este ano
Previsões do Governo para 2023 só serão atualizadas no Programa de Estabilidade e crescimento que será apresentado em abril.
O ministro das Finanças anunciou que afinal Portugal vai crescer 6,8% este ano e não 6,5% tal como está inscrito no Orçamento do Estado para 2023. Contudo apesar de esta revisão em alta ter impacto no desempenho da economia no próximo ano, as previsões do Governo só serão atualizadas no Programa de Estabilidade e crescimento que será apresentado em abril.
Fernando Medina assume que se enganou nas previsões, tal como nas do emprego, e que os números do Banco de Portugal eram os mais corretos. No Boletim de Económico de outubro, a instituição liderada por Mário Centeno reviu em alta as previsões de crescimento para este ano de 6,3% para 6,7% e voltou a atualizá-las no Boletim de dezembro para 6,8%. Uma previsão que o Executivo acompanha agora.
“São raros os governos cujas previsões são ultrapassadas pela economia“, gracejou Fernando Medina, esquecendo porém que as previsões do Banco de Portugal foram feitas antes da entrega da proposta do Orçamento do Estado no Parlamento, tal como as do Conselho das Finanças Públicas que apontavam para um crescimento de 6,7% a 22 de setembro. No Orçamento está previsto que Portugal cresça 1,5% em 2023.
Fernando Medina revelou ainda que no quarto trimestre deste ano não haverá uma recessão, ao contrário do que muitos economistas anteciparam.
“O comportamento destes dois últimos trimestres foi forte. Este crescimento de 6,8% tem várias consequências do ponto de vista do rendimento disponível e, sobretudo, no que representa para 2023”, explicou Fernando Medina. “Significa que as empresas estão a vender mais e com maior valor neste quadro de grande incerteza mundial”, acrescentou. O ministro da Economia reiterou que as exportações nacionais vão ter um peso superior a 50% do PIB, uma meta que só se esperava alcançar dentro de cinco ou seis anos.
Medina garante que enfrenta com “grande confiança” o ano de 2023, que “será um ano mais difícil devido ao abrandamento da economia”, mas Portugal parte com uma grande “evolução da capacidade instalada” e com elevados níveis de emprego.
Ainda não podemos dizer que estamos definitivamente num processo de regressão da inflação.
Outro dos erros que Medina assume ter cometido foi relativo às previsões de inflação. Numa reação aos números divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que apontam para uma desaceleração da taxa de inflação para 9,6% em dezembro — a subida foi 0,3 pontos percentuais inferior à registada em novembro — o ministro das Finanças defendeu prudência.
“Ainda não podemos dizer que estamos definitivamente num processo de regressão da inflação“, sublinhou.
“O ano foi marcado por um nível de inflação que não conhecíamos há três décadas decorrente da guerra”, com reflexo no aumento dos preços dos combustíveis e dos alimentos “que pressionam a inflação na Europa, no mundo e no nosso país”, disse.
Mas além de pressionar os preços, reduzindo o poder de compra das famílias e agravando os custos dos fatores de produção para as empresas, a inflação aumenta a receita de IVA e ajuda a suportar os cofres do Estado. E é com esse aumento de receita que o Executivo avançou com diversos pacotes de apoio a empresas e famílias que ascendem a mais de 18,22 mil milhões de euros.
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