Centeno sobre Montepio: “Estou descansado em relação ao meu trabalho”
O ministro das Finanças garantiu estar "descansado" sobre o caso Montepio, tal como tinha dito na passada sexta-feira. Mário Centeno não quis comentar a idoneidade de Tomás Correia.
“Estou descansado em relação ao meu trabalho em relação a essas situações”. É com esta frase que o ministro das Finanças responde, em entrevista do jornal Público, quando questionado sobre a situação que o Montepio enfrenta. Mário Centeno não quis responder a perguntas relacionadas com os problemas do banco, nomeadamente sobre a idoneidade de Tomás Correia, o presidente do Associação Mutualista Montepio Geral. Mas não perdeu a oportunidade para criticar novamente a saída limpa da troika que, argumenta, ignorou a situação do sistema bancário português.
“Aquilo que aconteceu em Portugal, a que me referi como uma saída limpa pequena [do programa da troika], foi que o sistema financeiro não estava preparado para acompanhar o crescimento económico“, atacou Mário Centeno, referindo que um dos erros do passado foi esquecer a ligação entre a economia e o sistema financeiro. “A consistência do sistema financeiro depende da consistência da economia, e o inverso também é verdade”, afirmou. Para o ministro das Finanças os indicadores económico dão “consistência” aos processos da área financeira.
"O sistema financeiro não estava preparado para acompanhar o crescimento económico.”
Mário Centeno defende que “todas as instituições financeiras portuguesas, para terem uma situação estável, quando projetada no futuro, precisam de uma economia que as sustente, e o inverso também é necessário”, referindo que um bom sinal foi a emissão de dívida perpétua da CGD na semana passada. O titular da pasta das Finanças diz que a falta de estabilização do sistema financeiro provocou uma desaceleração da economia na segunda meta de 2015. “Era necessário, para ganhar um ritmo de crescimento forte, que o sistema financeiro fosse estabilizado“, argumenta.
O atual Governo está neste momento a finalizar duas frente em bancos: a primeira é a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, processo que deve estar concluído esta quinta-feira; a segunda é a venda do Novo Banco ao Lone Star que, segundo o primeiro-ministro, é uma operação que estará concluída ainda esta semana, ou seja, no máximo amanhã, sexta-feira. “O que temos estado a fazer reforça o sistema financeiro“, garante Centeno em entrevista. Mas existe um outro banco com problemas, o Montepio, que encerrou o ano de 2016 com 86,5 milhões de euros de prejuízos.
O banco vai ter de apresentar um plano para mudar a marca — garantiu o atual presidente executivo Félix Morgado — uma exigência do Banco de Portugal que encontrou várias falhas na gestão do Montepio. O supervisor quer acelerar o processo de separação entre a Associação Mutualista e o banco Montepio, tendo dado o prazo de um mês. A intenção é afastar o banco de riscos de reputação caso haja problemas em resgates de produtos financeiros de clientes da Mutualista.
O problema adensou-se esta quarta-feira depois de a imprensa ter noticiado que Tomás Correia teria sido constituído arguido na Operação Marquês. Entretanto, o presidente da Associação já veio negar as notícias, dizendo que desmente “categoricamente qualquer envolvimento com a referida Operação Marquês, não estando constituído como parte no citado processo”, de acordo com um comunicado enviado às redações. Sobre este caso, Centeno foi claro: “Não estou a emitir nenhuma opinião sobre Tomás Correia, nem sobre o Montepio, estou a falar do conjunto do sistema”.
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