Preparado para 2023? Cinco áreas em que os managers precisam de trabalhar

Intencionalidade, confiança, autonomia, conexão e avaliação. Saiba porque é que estas competências são tão importantes para os líderes de gestão intermédia.

Quase metade dos gestores intermédios afirma que sofre de burnout, mais do que qualquer outro grupo de trabalhadores. O fardo, particularmente pesado para as lideranças intermédias, tem, muitas vezes, na sua origem a transição para o trabalho híbrido, uma tarefa que pode não ser assim tão simples para quem tem de gerir tarefas e pessoas, assegurando que os objetivos são atingidos e que a produtividade não sai afetada.

“O que acontece, tipicamente, é que os executivos decidem as políticas, e são os gestores intermédios que ficam com a responsabilidade de implementá-las”, afirma Gleb Tsipursky, autor e CEO da Disaster Avoidance Experts, citado pela Fast Company (acesso livre, conteúdo em inglês).

“Mas os gestores não têm experiência em fazer a transição para o modelo híbrido e gerir equipas híbridas. Normalmente, tentam adaptar metodologias centradas no trabalho presencial no escritório e acabam por sentir-se esgotados quando os resultados não estão à altura das expectativas”, acrescenta.

Para navegar, com sucesso, na liderança de equipas híbridas, deve estar atento a estas cinco skills:

  • Intencionalidade
  • Confiança
  • Autonomia
  • Conexão
  • Avaliação

Da automaticidade para a intencionalidade

Intencionalidade não é ‘ligar o piloto automático’ e fazer o que se sempre se fez no passado. Uma mudança de contexto requer uma transformação da automaticidade para a intencionalidade. “Em vez de fazerem o mesmo que antes, os gestores têm de reconhecer a necessidade de mudar, intencionalmente, o seu estilo de liderança para se adaptarem ao novo contexto.”

É preciso identificar os melhores métodos de gestão nestes novos modelos laborais, aceitando, ao mesmo tempo, que essa descoberta pode, às vezes, ser desconfortável. “Tendo ajudado 21 organizações a fazer a transição para o trabalho híbrido, posso assegurar que o desconforto que deriva da sensação de perda de controlo e confiança nas suas capacidades constitui o maior obstáculo para os gestores intermédios numa gestão híbrida eficaz”, afirma Gleb Tsipursky.

Confiança. Diga adeus à microgestão

Apesar de estudos e especialistas concluírem que as pessoas são, em média, entre 5% a 10% mais produtivas a trabalhar remotamente, especialmente em tarefas individuais, 85% dos líderes dizem que a mudança para o trabalho híbrido torna mais difícil acreditar que os colaboradores estão a ser produtivos, mostra um novo estudo da Microsoft.

“Os quadros médios têm dificuldade em confiar que os funcionários que não estão a observar estão a ser produtivos. Tal enfoque, em ver os colaboradores no escritório, relaciona-se com uma mentalidade de liderança altamente tradicionalista, sustentada pela ilusão de controlo“, descreve Gleb Tsipursky. “A tendência é especialmente visível nos executivos que querem controlar os seus empregados. Acreditam que ter as pessoas fisicamente no escritório garante a produtividade.”

Contudo, a mesma investigação da Microsoft mostra que, no escritório, os profissionais — mesmo os que são considerados de alto desempenho e produtividade — trabalham apenas entre 36% e 39% das suas oito horas diárias laborais. “O resto do tempo é passado noutras atividades: redes sociais, leitura de notícias, conversas com colegas sobre tópicos não relacionados com o trabalho, telefonemas pessoais e até a procurar outros empregos”, refere o estudo da tecnológica.

Flexibilidade e confiança, em prol da autonomia

O desejo de controlo de muitos gestores intermédios vai contra o desejo de autonomia dos profissionais, o que pode mesmo comprometer a produtividade, o empenho e a inovação. Fatores que têm sido fomentados, sobretudo, depois da pandemia da Covid-19 e com os novos modelos de trabalho.

Assim, a melhor abordagem é, para o CEO da Disaster Avoidance Experts, dar flexibilidade a toda a equipa e deixar que sejam os colaboradores — ou a equipa — a determinar o modelo de trabalho mais adequado para si. Esse voto de confiança, em prol da autonomia e da flexibilidade, aumenta os níveis de compromisso e engagement, acredita.

Conexão não exige presença física

Um dos maiores desafios que o trabalho híbrido acarreta está relacionado com o enfraquecimento das relações humanas e do sentimento de pertença. “Mas apenas alguns tipos específicos de ligações se tornaram mais fracos”, alerta Gleb Tsipursky. De facto, de acordo com um inquérito da Covve, 67% dos profissionais afiram que as suas relações com os colegas saíram até fortalecidas com o trabalho remoto.

“O problema está, por isso, [não tanto nas relações entre os colegas de uma mesma equipa, mas sim] na diminuição das relações entre as diferentes equipas, que enfraquecem com o trabalho à distância. Esses “laços’ são valiosos para a inovação interdisciplinar, que pode impulsionar o crescimento.”

Em contextos de trabalho híbrido, os gestores intermédios precisam de cultivar intencionalmente esses laços. Eventos presenciais, como happy hours, team buildings, ações de voluntariado ou sessões de atividade físicas são alguns exemplos a que podem recorrer. Alguns especialistas alertam ainda para a importância da mentoria como forma de criar ligações entre os profissionais juniores e os quadros superiores da empresa.

Avaliação assente em objetivos e resultados

Mais de 40% dos líderes admitem que, por vezes, se esquecem dos trabalhadores remotos quando atribuem tarefas. Isto pode explicar porque é que os trabalhadores remotos são promovidos com menos frequência do que os seus pares, apesar de serem, em média, 15% mais produtivos, de acordo com um inquérito da Society for Human Resource Management (SHRM).

Gestores híbridos eficazes devem concentrar-se, não no tempo de presença física no escritório, mas sim em objetivos e resultados.

“O abandono dos métodos centrados no escritório exige o reconhecimento de que nunca mais voltaremos ao passado. Ainda assim, o escritório representa um local valioso para reunir, colaborar e socializar, e os gestores híbridos precisam de aprender a gerir eficazmente as suas equipas, tanto no escritório como em casa ou em qualquer outro lugar”. Esta é a grande missão do gestor moderno.

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