Galamba “convicto” de que tripulantes da TAP não vão avançar com greve

Ministro das Infraestruturas reuniu-se com o sindicato que representa os tripulantes de cabine e "está convicto" que será possível evitar nova paralisação. Presidente do SNPVAC acha improvável.

O ministro das Infraestruturas encontrou-se esta manhã com o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) e “está convicto” que será possível evitar uma nova paralisação dos tripulantes de cabine, que se reúnem pelas 10h00 em assembleia geral. O pré-aviso de greve prevê uma paragem de sete dias, entre 25 e 31 de janeiro, que o presidente do SNPVAC considera “muito provável” que passe na reunião com dos associados.

O sindicato dos tripulantes tem marcada uma assembleia geral para esta manhã, em Lisboa, com um único ponto: “a apresentação, discussão e votação da proposta apresentada pela TAP”. Do desfecho da mesma dependerá se a classe avança para uma nova greve, depois da paralisação a 8 e 9 de dezembro, que teve um impacto negativo de oito milhões de euros nas contas da companhia. O ministro das Infraestruturas acredita que será evitada.

João Galamba esteve reunido esta manhã com a direção do SNPVAC, indica um comunicado do Ministério. E saiu do encontro otimista. “Perante a informação prestada pela direção do sindicato sobre o acordo alcançado, o ministro está convicto de que a Assembleia Geral do SNPVAC dará um passo decisivo para a melhoria da situação dos trabalhadores e da companhia aérea, permitindo evitar uma greve de 7 dias que causaria um grave dano à empresa“, diz a nota. O governante saudou ainda “o espírito de compromisso que permitiu chegar a um documento importante para um futuro de sustentabilidade e crescimento da TAP”.

Os tripulantes avançaram a 9 de janeiro com um pré-aviso de greve para os dias 25 a 31 de janeiro, acusando a TAP de não respeitar o Acordo Temporário de Emergência, assinado em 2021 e que introduziu um corte salarial de 25% até final de 2024, e rejeitam as condições propostas pela companhia para o novo Acordo de Empresa. A administração da transportadora aérea fez chegar já esta semana uma nova proposta, após várias rondas negociais, que vai ser submetida hoje à aprovação dos associados do SNPVAC.

A TAP está disponível para baixar o corte nos salários para, pelo menos, 20% a partir deste ano, como avançou o ECO. O salário que fica isento de cortes deverá subir dos 1.410 para os 1.520 euros, o equivalente a dois salários mínimos.

Na mensagem enviada aos trabalhadores na terça-feira à tarde, a CEO da transportadora aérea garantir estar “a trabalhar em soluções que nos permitam recompensar os trabalhadores por todos os esforços desenvolvidos e que permitam também mitigar o impacto da subida da inflação e que oportunamente serão partilhadas em primeira mão com os representantes dos trabalhadores”

Decisão sobre greve cabe à assembleia, sublinha sindicato

Ricardo Penarroias, presidente do SNPVAC, diz que é preciso esperar pelo resultado da assembleia geral. “A decisão será tomada pelos associados em assembleia geral. Vamos apresentar a proposta, discuti-la, explicar a negociação e serão os associados a decidir se iremos avançar com a greve”, afirmou em declarações transmitidas pelas televisões. Afirmou, no entanto, que perante a insatisfação dos tripulantes é “muito provável” que a paralisação avance.

Num relato sobre a reunião com João Galamba, o responsável referiu que “o ministro reforçou a sua confiança e o apoio à proposta apresentada pela TAP, o que institucionalmente devia ter feito e desejou-me boa sorte para a assembleia”. “Foi uma conversa, construtiva, informal, sensibilizando para a importância do momento e das consequências financeiras que pode ter para a empresa”.

Confrontado com os impactos de uma nova paralisação na companhia, Ricardo Penarroias disse estar sensível a eles, mas salientou que as reivindicações do sindicato são antigas, têm um ano e meio. “Os contribuintes não colocaram 3,2 mil milhões na TAP para que as condições de trabalho dos trabalhadores sejam deterioradas, como muitas vezes tem acontecido. É isso que estamos a tentar evitar. Estamos a lutar pelos nossos direitos”, argumentou.

O presidente do SNPVAC destacou uma das conquistas da negociação: a colocação de mais um tripulante nos aviões A321 Long Range, que faz voos de longo curso. “Era algo que era humano, porque fazer um voo de mais de seis horas só com quatro tripulantes num avião com perto de 200 passageiros era algo comercialmente péssimo, a nível de segurança questionável e a nível de condições de trabalho miserável”, apontou.

“Houve avanços na negociação? Houve. Serão suficientes ou não, caberá à assembleia decidir. Nós não nos podemos dissociar da realidade, de tudo o que se vive à volta da administração, da insatisfação de todos os trabalhadores do grupo TAP”, disse também, acrescentando que as declarações da CEO da TAP esta quarta-feira no Parlamento não ajudaram à assembleia de hoje. Todos falam do fim dos ATE, todos falam dos cortes, acho que temos de passar das palavras à ação, se assim for o caso”.

“As assembleias têm a capacidade de mudar a meio. A insatisfação dos tripulantes é grande”, avisou Ricardo Penarroias, assinalando que o desfecho é incerto. “O pré-aviso de greve está feito. Iremos decidir se vamos levantá-lo ou não”.

(notícia atualizada às 10h10 com mais informação)

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