EUA afirmam que combate à corrupção é condição para apoio a Kiev
A subsecretária de Estado dos EUA para Assuntos Políticos diz que a Ucrânia "deve emergir mais democrática", o que é "fundamental" para oferecer apoio àquele país.
A subsecretária de Estado norte-americana para Assuntos Políticos, Victoria Nuland, afirmou na quinta-feira, no Comité de Relações Externas do Senado, que o combate à corrupção na Ucrânia é uma condição para a continuidade de apoio a Kiev.
Numa audiência sobre “Combater a Agressão Russa” na Ucrânia, Nuland observou que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem dado passos importantes no combate à corrupção, citando várias demissões no Executivo.
“Continuamos a apoiar reformas essenciais e medidas anticorrupção do Governo ucraniano. A Ucrânia não deve simplesmente sobreviver a esta guerra. Deve emergir mais forte, mais democrática, mais europeia. Isso também é fundamental para o apoio que os EUA e os nossos parceiros internacionais oferecem“, avaliou.
O Governo ucraniano anunciou na terça-feira a demissão formal de seis membros e aceitou a renúncia de outros cinco governadores regionais, no que constitui a maior mudança na administração desde o início da invasão russa do país. As demissões abrem a “semana de decisões” prometida por Zelensky como reação a várias acusações de corrupção contra representantes do governo.
O chefe de Estado ucraniano procura também mostrar que tais atividades não serão toleradas, num momento em que o país precisa de unidade interna e de ajuda internacional para acabar com a guerra.
Na audiência desta quinta-feira em Washington, o presidente do Comité de Relações Exteriores do Senado, o Democrata Bob Menendez, assegurou que os Estados Unidos continuarão a apoiar os esforços dos ucranianos para alcançarem a vitória contra “um ditador que tenta apagar a sua nação pela força”. “Os EUA e nossos aliados democráticos devem mostrar aos regimes autoritários do mundo que a invasão e subjugação de povos livres é inaceitável no mundo moderno”, disse.
Abordando as posições de alguns líderes Republicanos, que prometeram impor limites à ajuda a Kiev assim que recuperassem o controlo da Câmara dos Representantes nas eleições intercalares de novembro, mas também as preocupações de cidadãos norte-americanos, Menendez advogou que os EUA devem continuar a financiar Kiev para evitar que uma invasão semelhante ocorra em outras geografias.
“O mundo, incluindo os EUA, foi relativamente mudo na resposta à invasão e anexação da Crimeia [pela Rússia em 2014]. E o Presidente russo, Vladimir Putin, recebeu isso como uma mensagem de que poderia seguir em frente. E isso é parte do que está em jogo agora”, começou por analisar.
“Têm-me feito uma pergunta legítima: ‘porque é que gastamos tanto dinheiro na Ucrânia?’. Eu enfatizo-lhes que o que está em jogo não é apenas a liberdade dos ucranianos, que por si só é importante, mas também a proposição de que não se pode, pela força, tomar o território de outro país. Se isso se tornar a regra do dia, há muitos autoritários que tentarão fazê-lo: a China a Taiwan, a Coreia do Norte à Coreia do Sul. A lista não tem fim”, defendeu o Democrata.
A audiência contou com, além de Nuland, com a administradora adjunta da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) para Europa e Eurásia, Erin McKee, e a secretária adjunta de Defesa para Assuntos de Segurança Internacional, Celeste Wallander, que responderam a questões bipartidárias sobre o trabalho desenvolvido pelos EUA nesta guerra.
Em relação ao arsenal de defesa fornecido pelos EUA à Ucrânia, Celeste Wallander afirmou que Washington está a aumentar a produção industrial de munições e equipamentos críticos, “duplicando ou, em alguns casos, triplicando essa capacidade de resposta”.
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